Os portugueses reclamaram mais em 2012 face ao ano passado e o Barclays Bank e o BBVA foram as instituições financeiras de quem os portugueses mais se queixaram. Os números foram hoje divulgados pelo Banco de Portugal no seu Relatório de Supervisão Comportamental relativo a 2012.
Contas feitas, foram feitas 15.603 reclamações no ano passado, um crescimento de 6,2% face às 14.697 queixas feitas em 2011. Este aumento quebrou a tendência de queda do número de queixas que se tinha vindo a registar nos últimos anos, e deve-se não só "à situação económico-financeira das famílias portuguesas como à alteração do enquadramento regulatório e normativo", segundo explicou o governador do Banco de Portugal.
Na conferência de apresentação do Relatório, Carlos Costa, revelou que "já em 2013 se verifica um novo aumento significativo do número de reclamações". Se em 2012 foram feitas em média e por dia 62 queixas, "até agora a média por dia tem sido de 80 reclamações".
Em mais de metade das reclamações, os clientes bancários tinham razão nas suas queixas. "Em 2012, da análise de reclamações pelo Banco de Portugal resultou, em 56% dos casos, a sua resolução pela instituição de crédito, por sua iniciativa ou por recomendação e/ ou determinação específica do Banco de Portugal, enquanto nos restantes 44% dos casos concluiu-se que não existiam indícios de infração cometida pela entidade reclamada", diz o relatório.
Depósitos lideram reclamações
Os depósitos foram as razões que mais queixas motivaram aos clientes bancários portugueses. De acordo com o Relatório de Supervisão Comportamental, foram feitas 4.823 reclamações sobre os depósitos em 2012, relacionadas sobretudo com as comissões e encargos e a sua movimentação.
O segundo lugar é ocupado pelo crédito aos consumidores, que motivaram 3.815 queixas no ano passado. A cobrança de valores em dívida, as responsabilidade de crédito e, novamente, as comissões e os encargos foram os principais motivos.
O último lugar do ranking dos assuntos que mais queixas arrecadaram é ocupado pelo crédito à habitação. A maioria das 1.734 reclamações feitas em 2012 teve como principais razões as cláusulas contratuais, as comissões e os encargos, e a renegociação.
Os cartões, cheques, crédito às empresas e transferências compõem as restantes razões que motivaram as queixas dos clientes bancários portugueses.
Barclays e BBVA lideram queixas
Entre todas as mais de 15 mil reclamações feitas pelos portugueses sobre os mais variados motivos, há duas instituições financeiras que surgem mais vezes nas três primeiras posições: Barclays Bank e o BBVA
No caso do ranking das instituições mais reclamadas nos depósitos, o Barclays Bank surge na primeira posição, com 1,83 reclamações por cada mil contas de depósito à ordem, seguido pelo Deutsche Bank, com 0,64 queixas. O BBVA surge na terceira posição (0,51 reclamações). A média do sistema foi de 0,2 reclamações por cada mil contas de depósitos.
No crédito ao consumo, o Deutsche Bank volta a ocupar a liderança, com 1,66 queixas por cada mil contratos de crédito aos consumidores. A Crediagora surge no segundo lugar, com 1,65 queixas, e a terceira posição é ocupada pelo Barclays Bank, com 1,5 reclamações. A media do sistema foi de 0,34 queixas.
A lista das instituições com mais reclamações no crédito à habitação é liderada pelo Barclays Bank, com 2,49 queixas por cada mil contratos de crédito à habitação. O BBVA, com 1,81 reclamações, e o Santander Totta, com 1,73 queixas, fecham o pódio. A média do sistema foi de 0,78 reclamações.
No caso dos cartões, o Barclays Bank volta a ser a instituição de quem os portugueses mais reclamaram, ao arrecadar 2,35 queixas por cada dez mil cartões. O BBVA, com 2,11 reclamações, e o Santander Totta, com 1,03 queixas, fecham o pódio. A média do sistema foi de 0,65 reclamações.
Por fim, e no caso dos cheques, o Barclays Bank volta a liderar, com 0,34 reclamações por cada dez mil cheques processados, seguido pela CGD, com também 0,34 queixas, e pela Caixa Económica Montepio Geral, com 0,23 reclamações. A média do sistema foi de 0,19 queixas.
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