terça-feira, 28 de maio de 2013

Aumento do incumprimento vai continuar a pressionar banca - Dinheiro Vivo

Aumento do incumprimento vai continuar a pressionar banca - Dinheiro Vivo

O aumento do incumprimento, o crédito malparado e a recessão vão continuar a manter o sector financeiro sob pressão. O alerta foi dado hoje pelo Banco de Portugal que, no Relatório de Estabilidade Financeira hoje divulgado, elege a rendibilidade e a solvabilidade como os principais desafios do sector no futuro próximo.
Apesar de começar por salientar que o sistema bancário apresenta "um ajustamento considerável do seu balanço, com uma melhoria significativa da situação de liquidez, um reforço da solvabilidade e uma redução do grau de alavancagem", o documento revela que persistem "importantes desafios no que se refere à evolução prospetiva da sua rendibilidade".
O Banco de Portugal alerta que "o aumento do incumprimento na carteira de crédito, que está a atingir níveis sucessivamente mais elevados, com destaque para o crédito às empresas e a particulares para fim diverso da aquisição de habitação, resulta da recessão profunda e prolongada que a economia portuguesa atravessa".
No caso do crédito à habitação, o relatório sublinha que "a redução das taxas de juro para níveis muito baixos, estará a mitigar a deterioração da capacidade de servir a dívida por parte dos particulares".
"Em ligação com a tendência de aumento do incumprimento, a informação disponível aponta para que o fenómeno de reestruturação de créditos esteja a atingir proporções relevantes e que, apesar disso, persistam vulnerabilidades importantes no setor privado não financeiro, com destaque para as empresas", salienta.
O Banco de Portugal avisa ainda que "os níveis de endividamento permaneceram muito elevados, com destaque para as sociedades não financeiras". Neste sentido, os setores da construção, promoção imobiliária e comércio, apresentam "condições de exploração mais débeis e níveis de incumprimento do crédito superiores aos restantes setores"
As empresas do setor da construção continuam a enfrentar "condições de financiamento bancário muito restritivas, enquanto nos restantes setores económicos a descompressão da perceção do risco do Estado e dos bancos nos mercados internacionais, que se tem vindo a observar desde meados de 2012, estará gradualmente a repercutir-se em condições menos restritivas no acesso ao crédito", diz o documento.
Rendibilidade e Solvabilidade são os desafios
O relatório do Banco de Portugal sublinha a rendibilidade e a solvabilidade como os desafios para o sector financeiro português.
No caso da rendibilidade, é esperado que continue pressionada por dois fatores. O primeiro é a queda da atividade económica e o aumento do desemprego, que irão provocar um aumento das provisões e imparidades para crédito, uma redução da procura por serviços bancários e de concessão de crédito. A este junta-se o baixo nível das taxas de juro do mercado interbancário e o elevado custo do financiamento, que condicionam a margem financeira na atividade doméstica.
Nota ainda para a atividade internacional que, depois de nos anos anteriores ter compensado largamente as pressões negativas sobre a rendibilidade na atividade doméstica, tem vindo a contribuir progressivamente menos para os lucros dos bancos.
No caso da solvabilidade, o Banco de Portugal defende como essencial a preservação dos níveis de capital "permitindo reforçar a estabilidade do sistema financeiro num contexto de riscos e desafios muito substanciais".

Deste modo, o Banco de Portugal conclui que, tendo em conta a perspetiva de uma nova redução da atividade económica em 2013, com a inerente contração da procura dirigida às empresas e deterioração das condições no mercado de trabalho, "antevê-se uma continuação da materialização do risco de crédito e a necessidade de os bancos manterem uma política prudente de reconhecimento das perdas associadas".

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