Portugal vai violar as metas da troika para o défice público deste ano e do próximo, indica a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.
No relatório semestral das perspetivas económicas (outlook), a instituição, que há escassas semanas contribuiu com ideias para a reforma do Estado e os cortes na despesa social, refere que o défice deste ano deverá subir até 6,4% (o Governo comprometeu-se com 5,5%, valor que resulta da flexibilização do sétimo exame) e 5,6% em 2014, bem longe dos 4% combinados com a troika.
"O crescimento fraco e a recente decisão do Tribunal constitucional que rejeitou algumas das medidas de consolidação propostas irão reduzir a receita fiscal e tornar o cumprimento das metas revistas do défice para 2013 e 2014 pouco provável", refere a OCDE no capítulo sobre o país.
A instituição considera que "a economia continua muito fraca", mas ainda assim "é importante chegar a um acordo nos cortes permanentes focados prioritariamente no consumo público e nas transferências sociais". "No entanto, deve-se permitir que o défice orçamental se desvie das metas caso o crescimento seja mais baixo do que o esperado, de modo a evitar uma espiral descendente entre as condições macroeconómicas e os objetivos orçamentais", lê-se no documento.
A dívida pública também vai de mal a pior. A OCDE tornou a rever em alta as previsões para este rácio. O fardo irá engordar até 127% do produto interno bruto em 2013 e 132,1% em 2014. Vítor Gaspar, na sétima avaliação e no Documento de Estratégia Orçamental, ficou-se por 122,3% e 123,7%, respetivamente.
Portanto, na visão da OCDE a dívida, em vez de estabilizar, continua a escalar, o que significa um risco enorme para a credibilidade do país na tentativa de regressar plenamente e de forma autónoma aos mercados em meados do próximo ano.
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