quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O Desassossego dos desgovernados

Em noticia recente foi possível ler que o Estado gastou menos 563 milhões de euros em abono de família, subsídio de desemprego, acção social e rendimento social de inserção do que no ano anterior. Sabendo que existem por aí imensos oportunistas, esta parece ser uma boa noticia.
Posto isto, onde poderia mais o Estado poupar dinheiro anualmente? Comecemos pela própria estrutura do estado.... O nosso governo tem no momento 14 Ministérios, apenas 1 a menos do que a nossa vizinha Espanha quando este país tem uma área e população 5 vezes superior à do nosso país. Para além dos Ministérios temos ainda o Gabinete do senhor Primeiro Ministro e do Presidente da República o que totaliza 16 gabinetes ao todo!!! Faz ideia de quanto custa em média cada gabinete por mês??? Consultando o site do governo com os vencimentos aí mencionados (http://www.portugal.gov.pt/pt/o-governo/nomeacoes/sobre-as-nomeacoes.aspx), é possível fazer por alto esse cálculo. Por alto, porque é sabido que para além dos vencimentos existem as ajudas de custo onde estas, podem muito facilmente dobrar ou triplicar o vencimento de qualquer um destes trabalhadores. Portanto, fazendo os cálculos apenas com o que é possível saber, estes 16 Gabinetes custam aos Portugueses,  NO MÍNIMO, 1 976 160 Euros por mês. O que dá 27 666 240 euros por ano. Parece pouco?Adicione 229 Deputados e um Parlamento  à equação.(http://www.parlamento.pt/DeputadoGP/Paginas/DeputadosLista.aspx) Exacto, 229 deputados em Portugal quando um país como a Bélgica, que apresenta uma população semelhante à nossa, contabiliza 150 Deputados; ou um país como a Espanha, que tem 350 deputados para uma população de cerca de 45 milhões de pessoas. E quais os vencimentos destes senhores? (http://www.parlamento.pt/DeputadoGP/Paginas/EstatutoRemuneratorioDeputados.aspx)Mais uma vez fazendo as contas por baixo, temos que por ano cada deputado ganha 56000 euros (sem contar com ajudas de custo e volto a frisar que estas podem muito facilmente duplicar ou triplicar o vencimento destes senhores). Multiplicando este valor por 229 deputados temos por ano 12 824 000 Euros gastos em Deputados. Adicionando este valor ao valor dos vencimentos mencionados no site do governo, para os diversos ministérios, temos um gasto de 40 490 240 euros anuais. Ou seja, em "JOBS FOR THE BOYS" são  gastos por ano, em vencimentos visíveis, cerca de QUARENTA MILHÕES E QUINHENTOS MIL EUROS. Adicionando as ajudas de custo, despesas inerentes aos cargos, despesas de manutenção dos edifícios, entre outros, muito facilmente serão gastos por ano 200 milhões de euros só com estes senhores. Digo ao leitor que este valor por mim apresentado pode não ser real, no entanto, será simpático o suficiente ao ponto de considerar a minha pessoa extremamente ingénua.
Um país com a dimensão do nosso não deveria gastar sequer metade dos valores aqui apresentados. O Estado orgulha-se de ter gasto menos 563 milhões de euros em abono de família, subsídio de desemprego, acção social e rendimento social de inserção no ano anterior, para uma amostra de 10 milhões de portugueses. No entanto,  O que estes 10 milhões de portugueses não conseguem compreender é o facto de o Estado gastar metade desse valor (se for apenas metade) numa amostra máxima de 1000 funcionários públicos.(nas contas apresentadas não foram, com toda a certeza, contabilizados 1000 funcionários).
Não será então de estranhar o desassossego que corre em nós os desgovernados...

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Café e Café

http://olhares.sapo.pt/grao-de-cafe-foto3337640.html
O café para mim, tal como para muitos, é um dos pequenos prazeres da vida.
Para além do seu inquestionável valor enquanto estimulante, o café apresenta igualmente propriedades medicinais.O que me levou, no entanto, a escrever sobre o café são os novos modos de venda deste produto. Nomeadamente as cápsulas de café.
Acha que é mais benéfico para si comprar o café em cápsulas? Sou da opinião que este método de venda serve apenas para gerar um maior lucro aos diversificados revendedores de café. Citando a famosa frase de Steve Jobs - "As pessoas não sabem o que querem, até lhes mostrarmos", poderei demonstrar esta minha versão. Qualquer marca que se preze nos dias de hoje, sejam antigas ou novas, e que queiram "vingar" no mercado, necessitam de incluir no seu staff um grande leque de trabalhadores formados em marketing. Deste modo, serão estudadas, trabalhadas e aplicadas as diversas metodologias com o intuito de fazer chegar ao consumidor, o produto, com a maior abrangência e eficácia possíveis. No café, logicamente, enquadra-se este conceito. Assim, o café em cápsulas surge no mercado associado a uma máquina com design inovador, um leque variado de sabores à escolha e uma forte componente de marketing capaz de convencer qualquer um da  qualidade e exclusividade que representa o café em cápsulas. Este produto rapidamente implementou-se no mercado e devido ao seu sucesso, surge, entretanto, uma variadíssima gama de marcas de café, com as suas próprias máquinas de cápsulas.
Ao consumidor este "boom" de café em cápsulas foi bem vindo, ou seja, o preço deste item só poderia descer  tornando-se assim menos exclusivo para pessoas com maiores vencimentos. Parece-lhe bem não é? À primeira vista este método de fazer café aparenta ser bastante mais rápido, cómodo, limpo, económico e saboroso. Mas não é!! Para além do mais, continua a ser um negócio altamente lucrativo para as empresas que o exploram. Não acredita? Comparemos a máquina de cápsulas com uma regular máquina de café expresso (independentemente das marcas das máquinas e dos cafés).
O tempo de aquecimento de qualquer uma delas bem como o preço de aquisição é semelhante. Em termos de rapidez e comodidade parece-me igualmente serem semelhantes. O tempo de colocar ou trocar as cápsulas é idêntico ao de colocar o café no compartimento, mandar fora o borrão e colocar mais café. No caso de querer reaproveitar o borrão de café, com a máquina de café expresso normal basta colocar o borrão directamente nas suas plantas ou jardim, se o quiser fazer com as cápsulas terá de as abrir, efectuar o processo atrás descrito e  só depois poderá então colocar as mesmas no lixo ou no recipiente de reciclagem. Se reciclar as cápsulas , deitar no lixo ou entregar as mesmas (sem retirar o borrão de café) no local onde as compra, para reutilização, terá sempre que se haver com a água suja que sai das cápsulas impregnando-se por todo o lado à medida que pinga do saco onde as transporta. Em termos de sabor, ainda não consegui beber um café de cápsula que supere o sabor de um regular café expresso. Digam o que disserem, a qualidade do café expresso regular continua a superar largamente o café expresso que vem nas cápsulas. Para quem não sabe, aproveito para transmitir um velho segredo de qualquer estabelecimento de cafés: se quer um café expresso de qualidade e com o sabor exclusivo que tanto aprecia não há nada melhor do misturar diferentes marcas de café até conseguir a sua receita ideal. Consegue fazer isto com as cápsulas? claro que não!! Para além do mais, muito possivelmente, será  o que as diferentes marcas das cápsulas fazem para obter diferentes sabores. Em relação ao preço, não existe qualquer grau de comparação. Cada cápsula de café tem um custo mínimo, e friso mesmo mínimo, de 25 cêntimos (o valor é sempre superior mas assim facilita as contas). Acha que é barato? Se conseguir encontrar este preço por cápsula, comprará 10 cápsulas de café por 2.5 Euros. Numa casa onde habitem 2 pessoas e onde cada uma delas beba 2 cafés por dia, terá ao fim de 5 dias gasto nada mais do que 5 euros em café. Contabilizando que um mês tem 30 dias, temos que em café, este agregado familiar gastará 30 euros. Ao fim de um ano, 360 euros serão gastos em cápsulas de café. Note-se que a água e a electricidade não estão incluídos nestas contas.
 Um saco de 250g de café para máquinas expresso normais consegue-se, já com alguma qualidade, por 2 euros. Com esta opção, tem a possibilidade de escolher a dose de café que coloca, pode aproveitar o borrão do café e ainda pode saborear o maravilhoso cheiro a café fresco. A duração para 2 pessoas que bebam 2 cafés por dia varia, no entanto, é garantido que terá café durante pelo menos uma semana. Digamos que dura 5 dias com o tipo de consumo atrás descrito (para o efeito de simplificar o cálculo). Neste caso, são gastos por mês 12 Euros o que representa um gasto total anual de 144 euros em café. Ou seja, se comprar café em saco, poupará no mínimo 216 Euros por ano!! Convencido(a)? Eu estou!!

Como falar muito sem dizer nada - Domine qualquer reunião de trabalho





(Tentei saber a origem e autor da tabela mas não me foi possível descobrir)

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A Malária em Portugal

Já alguma vez pensou ser possível existirem condições para a existência e proliferação da Malária em Portugal Continental?

De origem Africana e com início estimado em mais de um milhão de anos, a malária, também denominada sezonismo ou paludismo, é uma doença provocada por protozoários do tipo plasmodium que vivem nos glóbulos vermelhos e que são inoculados por mosquitos fêmeas anopheles. A sintomatologia desta patologia é caracterizada por febre alta e periódica, com arrepios de frio, suores, falta de apetite, anemia, dores de cabeça, esgotamento físico e grande sonolência. Em fase crónica apresenta um grande aumento do volume do baço, entre outros.
Em Portugal Continental, tal como em quase todo o mundo, não é possível precisar a origem física e temporal da malária. No entanto,  estima-se que esta doença tenha existido durante oito séculos em Portugal Continental (século XIII a XX) e que terá representado uma das maiores epidemias já registadas na história nacional.
Erradicada desde o ano de 1973 em Portugal Continental, a malária nos dias de hoje continua a ser uma patologia com grande risco de voltar a disseminar-se por território nacional.

Como?

O protozoário – género Plasmodium – que provoca a malária, é transmitido a partir da picada do vector – mosquito fêmea – do género Anopheles.
Um mosquito fêmea Anopheles, saudável, que pique um homem infectado com malária, desde logo, fica contaminado pelo protozoário Plasmodium tornando-se assim um potencial vector.

São quatro as espécies de Plasmodium que infectam o Homem e que nele provocam a patologia :

• Plasmodium malariae – apresenta uma distribuição geográfica fragmentada. Pode produzir infecções de longa duração, assintomáticas, e que podem durar toda a vida.
• Plasmodium vivax – apresenta a distribuição mais ampla de todos os Plasmodium, predominando na América do Sul e certas partes da Ásia. Tem a capacidade de se desenvolver em mosquitos cujo habitat é mais temperado (o que não invalida que não esteja também presente em regiões tropicais e subtropicais).
• Plasmodium ovale – tem a menor abrangência, a nível geográfico, de todos as espécies de Plasmodium; encontra-se com maior frequência na África tropical e no Pacífico Ocidental.
• Plasmodium falciparum – mais comum nas regiões tropicais e subtropicais (como Portugal). sendo o responsável da forma mais grave de malária, leva frequentemente, e se não tratada, a situações de malária cerebral bem como a complicações renais, hepáticas e esplénicas que rapidamente conduzem à morte.

Vector (portador) da malária - mosquito anopheles

Os vectores da malária que se encontram em território europeu pertencem à espécie Anopheles maculipennis.Sendo o A. Maculipennis atroparvus  o legítimo transmissor do parasita em Portugal.
As poças de água estagnada são o território ideal para a  reprodução do A. atroparvus sendo a temperatura mínima para a sua sobrevivência e reprodução de 8,5 ºC.

Diáriamente milhares de pessoas transitam por Portugal com origens, propósitos e destinos diversos.Com a ambundância de mosquitos capazes de propagar malária em Portugal acha que nós portugueses estamos imunes a este flagelo?
Da próxima vez que for picado por um mosquito lembre-se que a leishmaniose não é o único perigo real com que se preocupar...

Para um estudo mais aprofundado da Malária em Portugal pode consultar -
http://hdl.handle.net/10451/2612

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Acerca do Carnaval, aproveito o facto de ninguém levar a mal...

A época carnavalesca, em Portugal, trata-se de uma tradição  desde há muitos anos comemorada. O Entrudo nas nossas terras, sempre apresentou características diferentes do Carnaval festejado nos restantes países da Europa. Esta época festiva, terá sido exportada para as antigas colónias portuguesas por volta do século XVIII, sendo o Brasil, o país que melhor adoptou esta herança portuguesa. Presentemente,o Carnaval brasileiro poderá ser considerado o melhor do mundo. Sim!! O melhor!! Pois em termos de longevidade, nenhum país consegue bater o Uruguai com os seus 40 dias de festa carnavalesca.
Por cá, o Carnaval tem sofrido grandes mudanças ao longo dos tempos e dependendo da região onde nos encontramos, comemoramos o mesmo de forma diferenciada. Odiada por uns e venerada por outros, a época carnavalesca encontra nos dias que correm a sua maior controvérsia no que diz respeito ao dia da sua comemoração. Habituados que estão os portugueses a comemorar este dia como feriado nacional, estes, não escondem a sua angustia quando há apenas uns dias atrás, o Sr. Primeiro Ministro declarou que não haveria tolerância de ponto no dia de Carnaval, para o ano de 2012. Para os mais desatento, o dia do Entrudo não se trata de um feriado mas sim de uma tolerância de ponto. Para sustentar esta decisão, foi declarado que  em cada dia que o pais pára de produzir, o PIB sofre um corte colossal. As contas, por alto, do governo, são 120 mil milhões de euros (PIB anual) a dividir pelos 365 dias do ano. Com esta justificação, o Governo esperou chegar ao coração patriota dos portugueses indicando que através do trabalho podemos vencer a crise. Ou seja, o Sr. Primeiro Ministro de uma forma subtil parece culpabilizar a classe operária, que será preguiçosa demais para trabalhar, pela crise instaurada em Portugal. No entanto, esta tese não vende. Porquê? Muito simples... Se o povo português não produzisse em abundância, os sucessivos governos nunca teriam tido credibilidade nos mercados externos para endividar o país da forma como o fizeram. Exacto, ao longo dos anos foi possível pedir dinheiro emprestado até ao endividamento de 110% do PIB. Será também culpa do povo português o facto de o Governo gastar diariamente milhões de euros com a máquina do estado? E friso MILHÕES de euros e DIARIAMENTE. A tão publicitada contenção nos gastos da função pública só existe nas mentes utópicas de alguns ingénuos governantes, os sucessivos aumentos nos impostos não apresentam qualquer equidade social, continuam a ser oferecidos vencimentos altamente suspeitos a gestores públicos, os assuntos fiscais parecem actuar de modo selectivo e continuam-se a realizar obras públicas sem qualquer fundamento ou orçamento real. E os crimes capitais? Embora raramente provados estes crimes, todos os portugueses uma vez ou outra, de uma forma ou de outra, já ouviram falar de malabarismos praticados por figuras públicas, ao longos dos anos, criando estes riquezas ilícitas.
É sustentado que a “crise” em Portugal é diferente da “crise” da Grécia.  Com muita pena minha, não concordo...O problema de ambos os países é idêntico. Ambos os povos habitam num país onde o Estado de Direito só ostenta mesmo o nome e ao povo cabe calar e comer cada decisão desastrosa dos sucessivos governos.
Posto isto, o governo deveria felicitar publicamente a assiduidade, esforço, dedicação, esperança e paciência, muuuuuita paciência que o "zé povinho" tem demonstrado ao longo dos tempos. Afinal, como povo de bons costumes que somos, em vez de sairmos à rua e “partirmos tudo o que vemos à frente”, tal como os nossos homólogos cidadãos Europeus têm vindo a fazer, antes, optamos por comemorar o Carnaval 365 dias por ano. Exacto, leram bem, vivemos diariamente numa sátira onde nada do que presenciamos, lemos ou vemos na imprensa nacional levamos a mal. É CARNAVAL DIARIAMENTE EM PORTUGAL.

 Sem gastar qualquer tostão ao estado, a bem dizer, a NÓS CONTRIBUINTES, fica então a minha análise às ultimas declarações do governo acerca do Entrudo:
 -   Acabar com a tolerância de ponto no dia do Entrudo - sim, estou completamente de acordo. Será com certeza uma medida correcta mas apenas aplicável a partir do ano de 2013 e passando a comemoração deste mesmo dia para um Domingo. Porquê?  Embora o Carnaval seja uma antiga tradição, os dias que deverão ser designados como feriados nacionais devem dizer respeito aos dias importantes para o país enquanto nação independente (COMO O 5 DE OUTUBRO). E porquê apenas no ano de 2013? Simples, É INCRÍVEL que o Governo tenha chegado a esta decisão a poucos dias do festejo do Carnaval quando as autarquias já investiram milhões de euros para os festejos, milhões de todos nós contribuintes, e não do Governo. Sem contabilizar os investimentos privados. Um governo que nem há uma semana declara ao país que o objectivo número 1 é cumprir o orçamento de estado, deveria, nem que apenas por senso comum, ter considerado o investimento previamente feito pelas autarquias e assim chegar à conclusão que mantendo a tolerância de ponto este ano poderia pelo menos ter algum retorno do investimento. Não é por isso de estranhar que ao contrário do que o governo decretou, diversos municípios tenham agido em revelia dando eles próprios a desejada tolerância de ponto aos seus munícipes. Como resultados o governo conseguiu verticalizar ainda mais a perda de popularidade perante o seu povo e os diferentes municípios. O governo conseguiu igualmente aumentar o fosso psicológico e social entre os trabalhadores do sector público  e do sector privado.

 A história ensina a importância da experiência para a construção de um  futuro melhor...