terça-feira, 28 de maio de 2013

Dívida pública detida pelos bancos triplicou em 2 anos - Economia - Sol

Dívida pública detida pelos bancos triplicou em 2 anos - Economia - Sol

A dívida pública detida pelos bancos aumentou 250% entre final de 2009 e Março de 2012, diminuindo desde então, mas continuando em níveis elevados que deixam os bancos em risco relativamente a problemas no Estado, segundo o Banco de Portugal.
Segundo o Relatório de Estabilidade Financeira, hoje divulgado pelo Banco de Portugal (BdP), o início de 2010 marcou o aumento da compra de dívida pública portuguesa pelos bancos que operam no país, uma tendência crescente que se manteria até final do primeiro trimestre de 2012.
Em Março desse ano, os títulos de dívida na carteira dos bancos ascendiam a cerca de 36 mil milhões de euros, três vezes mais do que no final de 2009.
Já após o primeiro trimestre de 2012, segundo o BdP, a tendência foi de “redução” da dívida no balanço dos bancos, o que se sentiu de forma “particularmente significativa no último trimestre do ano”.
O aumento da dívida pública nos bancos que operam em Portugal veio compensar a dificuldade que o Estado português tinha então em financiar-se nos mercados internacionais, situação que levou mesmo os presidentes dos principais bancos a dizerem publicamente, em abril, que não podiam continuar a financiar o Estado, o que terá precipitado o pedido de ajuda externa.
Ainda assim, mesmo depois da chegada da ‘troika’, a dívida no balanço dos bancos continuaria a aumentar por alguns meses.
O Banco de Portugal refere também, no Relatório de Estabilidade Financeira hoje conhecido, que foi notório o aumento dos empréstimos concedidos pelos bancos às administrações públicas até meados de 2011, quando os empréstimos dos bancos às administrações públicas eram de 16 mil milhões de euros, valor que cairia para metade no final do ano passado.
Ainda assim, refere o documento, “no final de 2012, a exposição do sistema bancário às administrações públicas portuguesas representava aproximadamente 9% do activo, tendo aumentado cerca de cinco pontos percentuais face ao final de 2009”.
Apesar da queda do endividamento do Estado junto dos bancos, o BdP refere que no último trimestre de 2012 aumentou o financiamento das administrações públicas junto de outras instituições financeiras (além de bancos), o que considera que compensou “em parte” a redução observada no sector bancário.
Neste sentido, diz o Banco de Portugal, também a exposição das outras instituições financeiras ao Estado português “aumentou significativamente” desde o final de 2009.
O aumento do financiamento dado pelos bancos ao Estado português após o agudizar da crise financeira e da crise da dívida levou, escreve o BdP, ao “aumento da interacção entre o risco soberano e o risco dos bancos e do sector financeiro em geral em relação a 2009”, o que deixa os bancos mais vulneráveis a eventuais problemas na economia portuguesa e com as contas do Estado.

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