sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Português cria combustível inteligente com vides - Ciência - DN

Português cria combustível inteligente com vides - Ciência - DN

Um fogão a lenha, um micro-ondas, a balança da cozinha, um assador e a salamandra da sala foram alguns dos equipamentos utilizados pelo investigador Pedro Teixeira para criar um combustível sólido inteligente à base de vides.
Pedro Teixeira, de 40 anos, tirou o curso na Faculdade de Engenharia do Porto e desenvolveu vários projetos, sendo o mais conhecido uma bengala eletrónica para invisuais, com a qual ganhou uma medalha de ouro nos Estados Unidos da América e uma distinção no Japão.
A burocracia que teve que enfrentar acabou por se transformar num entrave e por isso abandonou a investigação para andar a fazer outras coisas.
Este ano, foi viver para a Régua e foi ali que voltou a criar e a inovar.
O investigador está a desenvolver o projeto Da_Vide, que visa utilizar os resíduos resultantes da limpeza das videiras, após as vindimas, e que, até agora, estavam a ser desperdiçados.
E, segundo defendeu, as aplicações para as vides vão desde o artesanato, à produção energética, indústria, componentes e acessórios, engenharia e tecnologia e ainda design, decoração e moda.
Com a oficina instalada em casa, Pedro Teixeira recorre aos equipamentos domésticos para trabalhar.
"Não é preciso um laboratório com grande tecnologia para inovar", afirmou à agência Lusa.
O investigador está a trabalhar num combustível sólido inteligente, que utiliza os vários componentes das vides para fazer um combustível à medida, ou seja, com uma ignição rápida e que faça mais brasa para um assado, ou mais chama para alimentar uma lareira.
No fogão a lenha, Pedro Teixeira faz testes de combustão. "Conseguimos controlar a entrada de ar, ou seja, do oxidante que participa no processo de combustão", explicou.
Este fogão é ainda utilizado para fazer testes do processo de secagem das vides.
Com as cinzas, que caem para uma parte inferior deste fogão, é possível medir "todas as grandezas" que interessam: o calor, o peso e quantidade.
Depois, através da chaminé, é possível "medir os gases e fazer testes de toxicidade".
O micro-ondas serve para fazer testes rápidos de temperatura. "Se pegar num pouco de lenha e de vide e a colocar no micro-ondas, vê-se logo que as características térmicas das vides são muito diferentes, pois vai aquecer imenso, enquanto que a madeira, em geral, quase não aquece", salientou.
Quando se fala de biomassa, a característica que se mede é a quantidade de energia por quilograma. Logo, todas as experiências que forem desenvolvidas têm que ser pesadas. Para o efeito, Pedro Teixeira recorre à balança da cozinha.
Com a salamandra da sala o ambiente é mais controlado, logo, de acordo com o responsável, o processo de combustão pode ser também mais controlado.
Depois, no assador, são feitos os testes mais reais e sem controlo.
Pedro Teixeira recorre ainda a um termómetro e a um "velhinho" multímetro, que é usado para medir parâmetros.
"Quando se está a tentar inovar, se há uma diferença de um por cento nem se vai notar. O que interessa é que haja uma diferença significativa e, para medir essa diferença, não precisamos de equipamento assim tão sofisticados", frisou.

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