segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Ex-responsável do Ikea denuncia sistema organizado de espionagem | iOnline

Ex-responsável do Ikea denuncia sistema organizado de espionagem | iOnline

O antigo responsável da segurança da filial francesa do gigante sueco do mobiliário Ikea acusou hoje a direção da empresa de ter permitido que se espiassem funcionários e clientes, e garantiu que essa era também prática habitual em outros países.
Jean-François Paris, que a Ikea despediu em meados de maio, com mais três altos quadros da empresa sueca em França, após o escândalo de espionagem, deu uma entrevista que o jornal Le Monde hoje publica e onde lamenta que a Ikea responsabilize um pequeno grupo de pessoas por métodos que, disse, estavam institucionalizados.
Paris disse que quando assumiu a posição tinha como missão fiscalizar responsáveis administrativos das lojas em França e gerir tudo o que diz respeito à segurança na empresa, desde a prevenção de acidentes laborais à proteção vídeo dos estabelecimentos.
Com a Ikea a expandir o número de lojas no mercado francês, o antigo responsável diz na entrevista que foi tendo cada vez mais funções e acabou por recorrer aos serviços de empresas de segurança privada a quem, ao início, a Ikea pedia dados e antecedentes dos empregados.
Desde meados de 2000, o controlo de antecedentes dos empregados ganhou "caráter industrial", refere Paris, acrescentando que a empresa passou a recorrer a bases de dados para saber se algum candidato tinha antecedentes criminais.
A empresa sueca utiliza métodos semelhantes noutros mercados, fora de França, acusa também Paris.
"Não medi as consequências penais das minhas ações. Se o tivesse feito, nunca tinha corrido o risco de me expor, nem à minha família", diz Jean-François Paris
Jean-Louis Baillot, ex-diretor-geral da Ikea francesa, também demitido em maio, considera que as acusações de Paris são "grotescas" e alega que o ex-responsável pela segurança quer acusar outras pessoas, para se defender pessoalmente.
O semanário francês "Le Canard Enchainé" foi o primeiro a divulgar o caso, em fevereiro, depois de ter tido acesso a uma centena de mensagens de correio eletrónico entre a Ikea e a empresa de segurança privada Sûreté International.
O mesmo jornal disse que os sindicatos tinham apresentado uma denúncia contra a empresa, por espionagem.
Em comunicado enviado à imprensa, a Ikea França recusou comentar o processo judicial, que está a decorrer, e condenou os métodos de espionagem que, disse "vão contra os princípios mais fundamentais da empresa e, principalmente, o direito á vida privada".
Recentemente, a Ikea esteve envolvido em polémica, por ter retirado as fotografias de mulheres nos catálogos no mercado das Arábia Saudita.
Antes, em maio, o jornal alemão Frankfurter Algemeine Zeitung tinha noticiado que, no final da década de 1980, a Ikea assinou um acordo com as autoridades de Cuba e da então República Democrática Alemã para utilizar mão-de-obra de presos políticos no fabrico de móveis.

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