quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A sua reputação digital já vale mais que um currículo - Dinheiro Vivo

A sua reputação digital já vale mais que um currículo - Dinheiro Vivo

Os americanos estão agora a passar mais tempo nos sites de redes sociais de que em todos os outros sites combinados. Só o Facebook tem mais de mil milhões de utilizadores — o que corresponde a 15% da população mundial e quase 50% dos utilizadores da internet, que passam uma média de 15 minutos por dia no site. E isto é só um site; imagine se acrescentássemos o Twitter, LinkedIn, Google+, Weibo, Renren, Orkut, e todos os outros.
Como consequência de passarmos tanto tempo online, deixamos agora rastos da nossa personalidade em todo o lado. De facto, e a menos que nunca tenha usado a Amazon, Gmail, Spotify, Tripadvisor, Netflix, ou qualquer infinidade de outros sites, terá não um, mas múltiplos perfis online. 
No início, os perfis só tinham interesse para esses sites, que personalizavam a nossa experiência de consumidos oferecendo-nos produtos congruentes com as nossas preferências e valores ("se comprou este filme, poderá estar interessado em comprar ..."). No entanto, os nossos comportamentos online também têm agora interesse para os recrutadores e empregadores, que estão a tentar desesperadamente traduzi-los em "reputações digitais" e usá-los para encontrar talento online. Vejo três razões para que os empregadores tenham a probabilidade de encontrar os seus líderes futuros no ciberespaço.
Primeiro, a Rede faz com que recrutar seja mais fácil para os empregadores e aspirantes a empregados. Por exemplo, uma empresa com 100 funcionários terá provavelmente o mesmo número de empregados no Facebook ou LinkedIn, e cada um deles terá pelo menos 100 ligações nestes sites de “networking” — isto significa visar 10 mil pessoas que são ligações em primeiro grau, e como estas terão pelo menos 100 ligações cada, o anúncio de emprego poderá atingir mais de 1 milhão se incluirmos ligações de segundo grau. Para os funcionários, passar o tempo no Facebook ou Twitter enquanto estão no trabalho poderá afinal não ser uma coisa inútil — poderá ajudá-lo a encontrar um emprego mais desejável (ou a ser encontrado). De facto, 1 em cada 6 pessoas à procura de emprego atribui às redes sociais os créditos de terem encontrado um emprego melhor.
Segundo, a Rede faz com que o recrutamento seja menos parcial e fechado a determinados círculos. A maioria dos recrutadores já está a usar as redes sociais para identificar funcionários com talento fora das suas redes de conhecimentos habituais. Segundo um inquérito realizado pelo Jobsite este ano, 54% dos recrutadores usa o Twitter, 66% o Facebook, e uns surpreendentes 97% o LinkedIn, como ferramentas de recrutamento. Embora isto alargue o grupo de possíveis candidatos, os recrutadores continuam sujeitos aos mesmos preconceitos que existem no mundo físico (nomeadamente, inferências preconceituosas sobre o carácter ou valores de alguém com base nos seu aspeto). No entanto, é mais fácil criar e implementar métodos fiáveis online do que offline, onde a química e a subjetividade nunca serão eliminados. Por outro lado, as reputações digitais captam muitas horas de comportamentos online, e ao contrário do que acontece com as ações, o comportamento anterior dos seres humanos é o melhor indicador do comportamento futuro.
Terceiro, a análise de dados na Rede pode ajudar os recrutadores a tornarem-se mais eficientes. Os dados de grande volume podem fornecer a melhor resposta às grandes questões relativas à identificação de talentos, se fizermos às perguntas certas aos dados. Não só existe uma abundância de dados, como se está a tornar cada vez mais fácil, rápido e barato gerar mais dados (relevantes). Os algoritmos de agregação de dados estão a crescer exponencialmente — o Klout poderá não ser a melhor medida de "influência social," mas continua a ser útil e muito fiável, e as alternativas futuras serão sem dúvida melhorias. A integração de dados — combinar os múltiplos perfis das pessoas num só — é o próximo passo, e já está a acontecer. Em breve, será fácil saber que a pessoa que compra livros do Colin Dexter na Amazon é a mesma pessoa que aluga o Inspector Lewis on Netflix, verifica os dados do Hotel Randolph no TripAdvisor, e pesquisa voos para Heathrow no Kayak. Se já comprou um par de sapatos na Zappos e depois viu esses mesmos sapatos anunciados quando se ligou de novo ao Facebook, isto já lhe aconteceu. A pergunta passa então a ser: como é que os recrutadores reúnem toda esta informação para quantificar potenciais funcionários?
Se pensa que isto é assustador, poderá querer refletir sobre as alternativas: perder um emprego melhor, passar uma infinidade de tempo a atualizar o seu CV, preencher dezenas de candidaturas a emprego, ou viver a sua vida completamente offline (o que seria mesmo uma vida muito solitária). Além disso, ser um ludita provavelmente prejudicará a sua carreira. Os recrutadores considerarão os candidatos não empregáveis se não conseguirem encontrar informação sobre eles online — a menos que esteja a esconder uma história indesejável ou não exista, espera-se agora que tenha um perfil online.
A grande implicação é que precisará de investir uma quantidade considerável de tempo a gerir a sua reputação digital. A única coisa pior do que não ter um perfil é ter um perfil indesejável. Na verdade, as suas hipóteses de ser escolhido por um “headhunter” online são inversamente proporcionais à quantidade de autorrevelações inadequadas encontradas no seu perfil do Facebook ou do Twitter. O “Egosurfing” — ou “self-googling” (pesquisar-se a si próprio no Google) — é agora mais importante do que atualizar o seu CV.
Iremos assistir em breve à proliferação de sistemas de aprendizagem de máquinas que farão corresponder automaticamente os candidatos a empregos e organizações específicas. Imagine que em vez de receber recomendações de filmes do Netflix ou recomendações de férias da Expedia, recebia ofertas de emprego diárias do Monster ou do LinkedIn — e que esses empregos eram realmente os indicados para si.
Agora só faltava poder também enviar os nossos “avatars” para o trabalho enquanto ficamos na cama.

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