segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Trabalho escravo, impostos e espiões: os pontos fracos de grandes empresas - Dinheiro Vivo

Trabalho escravo, impostos e espiões: os pontos fracos de grandes empresas - Dinheiro Vivo

Quando a Apple decidiu transferir parte da sua produção para a Pegatron, em maio, a medida foi vista como uma resposta aos problemas nas fábricas da Hon Hai Precision Industry, mais conhecida como Foxconn. 
Não só por questões de qualidade na produção, mas pelas terríveis condições de trabalho que foram descobertas, incluindo menores e horários acima do limite legal. Motins e suicídios nas fábricas da Foxconn chamaram a atenção e levaram a Apple a pedir melhorias e a transferir contratos para a Pegatron.
O problema é que o novo parceiro é ainda pior que o anterior. Pelo menos foi o que concluiu um relatório do organismo que controla as condições de trabalho, China Labor Watch, conhecido na semana passada. O relatório diz que “as condições nestas fábricas são tão más que a maioria dos trabalhadores se recusa a continuar a trabalhar por muito mais tempo.” O diretor do organismo, Li Qiang, não tem dúvidas: “a nossa investigação mostrou que as condições de trabalho nas fábricas da Pegatron são ainda piores que as da Foxconn.”
A Apple decidiu investigar a fundo as acusações, que refletem um dos seus piores problemas: apesar de ser uma marca premium e com as maiores margens de lucro da indústria tecnológica, não consegue garantir condições de trabalho justas na cadeia de produção. E não está sozinha nesta questão. 
As condições de trabalho são o ponto fraco de outros grandes grupos económicos, que recentemente se viram envolvidos em escândalos. A Zara, o império da moda de Amancio Ortega, está a ser investigadapor trabalho escravo nas suas fábricas na Argentina. Em abril, o regulador do país encontrou trabalhadores imigrantes, incluindo crianças, a trabalharem nas roupas da marca em “condições degradantes” e por mais de 13 horas por dia, sem permissão para saírem das instalações. 
A casa-mãe Inditex mostrou-se surpreendida pelas alegações, mas esta não foi a primeira vez que apareceu envolvida num caso destes. Há dois anos, foi acusada de aceitar trabalho escravo em fábricas no Brasil, que subcontratava em regime de outsourcing.
A gigante de retalho online Amazon também teve problemas devido às condições de trabalho. Em 2011, descobriu-se que os empregados dos seus armazéns na Pensilvânia trabalhavam com temperaturas superiores a 43 graus e tinham desmaios frequentes. Aqueles que se revoltavam eram despedidos, segundo reportou o jornal Morning Call. A Amazonreconheceu o problema e gastou 40 milhões de euros em ar condicionado. Esta questão surgiu depois de outro episódio no Reino Unido, em que o London Times reportou que a firma obrigava os empregados a trabalhar sete dias por semana e penalizava-os por tirarem baixa por doença.
Também no Reino Unido, a marca Starbucks sofreu um grande golpe quando se soube que passou cinco anos sem pagar impostos. A cadeia de cafés pagou este ano cinco milhões de libras em impostos, mas o impacto na sua reputação foi muito negativo e chegou a beneficiar a afluência de clientes à cadeia rival Costa. 
O caso da Starbucks foi dos mais mediáticos, mas não é o único. Google, Apple, Microsoft e HP estão todas debaixo de fogo pelo uso de esquemas que diminuem os impostos a pagar aos paíoses onde operam. A Comissão Europeia está a estudar formas de evitar estas "fugas" legais, que aproveitam lacunas para pagar somas irrisórias de impostos face aos rendimentos totais das subsidiárias. 

Em França, a loja de mobiliário Ikea foi processada depois de ter sido apanhada a espiar os seus empregados e clientes que fizeram reclamações. Os executivos em causa foram todos despedidos, mas a reputação da marca acabou por sofrer.

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