quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Zona Euro sai da recessão mas "é cedo para abrir champanhe" - Dinheiro Vivo

Zona Euro sai da recessão mas "é cedo para abrir champanhe" - Dinheiro Vivo

A zona euro começou finalmente a reagir à crise. Depois de dados mais favoráveis na atividade económica e no sentimento empresarial em junho, o Eurostat deverá confirmar hoje uma recuperação da economia. O crescimento esperado para o segundo trimestre ainda é anémico, não vai além dos 0,2%, mas interrompe a pior recessão desde a Grande Depressão.
A maior contribuição para o regresso ao crescimento virá da Alemanha e a tempo das eleições legislativas, marcadas para 22 de setembro. A evolução prevista é de 0,7%, um novo sinal positivo depois do inesperado aumento de 2,5% da produção industrial em junho. Evelyn Hermann (BNP Paribas) diz que a reação está a ser “um pouco melhor” que o previsto.
Mas a Alemanha não é o único caso de sucesso neste segundo trimestre do ano. A acalmia nos mercados financeiros, os esforços de contenção orçamental realizados em Portugal, Espanha, Itália e Grécia e o crescimento mais rápido da economia norte-americana também terão ajudado a zona euro. “O ambiente externo está a ficar realmente melhor, conduzido pelos sinais de que a procura nos EUA está a aumentar”, diz Nick Kounis, analista do banco ABM Amro NV.
Este regresso ainda que tímido ao crescimento já tinha sido antecipado pelas agências de rating. A Standard & Poor’s dizia em junho que “os dados mais recentes apontam para que a zona euro já tenha batido no fundo”, esperando-se agora uma “reviravolta em toda a região”. O mesmo foi apontado pela agência Fitch que, no seu mais recente relatório, assinalou a chegada do tão desejado “ponto de retorno” para a região.
No entanto, estes dados continuam a não garantir o fim da crise. A zona euro continua a ser o reflexo de uma Europa a duas velocidades, onde existem crescimentos díspares; países em ajustamento financeiro; desemprego nos 12,1% e dívidas públicas muito elevadas e em trajetória não controlada .
Portugal está longe de ser um dos maiores problemas da região. No segundo trimestre, a economia também deverá crescer entre 0,2% e 0,6%. Ainda assim, a incerteza não se dissipou e, a par da Irlanda, embora numa situação muito mais difícil, pode ter de pedir um resgate cautelar que assegure apoio no regresso aos mercados, previsto para junho de 2014. Os cortes previstos para a administração pública e a certeza de um Orçamento do Estado mais duro também não facilitam.
O maior pesadelo da zona euro é mesmo a Grécia: a recessão vai manter-se no segundo trimestre, apesar de estar a abrandar a queda; o desemprego já vai em 27,6% e o terceiro resgate financeiro já deve estar a caminho.

Apesar de a confiança económica no euro ter aumentado pelo terceiro mês em julho e de a produção industrial também ter crescido - 0,7% face a junho e 0,3% relativamente ao ano passado -, nada parece ainda suficientemente sólido. “Ainda é muito cedo para falar num fim da crise da dívida na zona euro”, assinalam Michala Marcussen e Brian Jilliard, analistas do Société Générale. Também Nick Kounis, do ABM Amro NV, antevê uma “recuperação dolorosamente lenta”. E sublinha que “ainda não temos razões para champanhe”.

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