segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Ateus mais inteligentes que religiosos, afirma estudo | iOnline - Notícias de Portugal, Mundo, Economia, Desporto, Boa Vida, Opinião e muito mais.

Ateus mais inteligentes que religiosos, afirma estudo | iOnline - Notícias de Portugal, Mundo, Economia, Desporto, Boa Vida, Opinião e muito mais.

Três psicólogos americanos cruzaram resultados de 63 estudos realizados a 70 mil pessoas e concluíram que os religiosos têm por norma menor capacidade analítica

Cristão, judeu, budista ou hindu. A religião não importa caso a missão seja desafiar um ateu para um teste ao coeficiente de inteligência, leia-se, ao QI. Isto porque o desfecho, por norma, acabará sempre por consagrar a pessoa sem religião como a mais inteligente. A conclusão não é nova mas foi reforçada por três psicólogos norte-americanos, após analisarem os resultados de 63 estudos que mediram a correlação entre inteligência e religião - e 53 deles provaram ser negativa. Ou seja, a crença diminui sempre que a inteligência aumenta.
Por outras palavras, os ateus são mais inteligentes quando comparados com os crentes religiosos. A conclusão, de resto, não é inédita, tendo como melhor prova o facto de ser fruto de uma análise aos resultados de 63 estudos anteriores. O próprio trio de autores o reconhece.
Um deles, Miron Zuckerman, psicólogo da Universidade de Rochester, nos EUA, não soube responder ao i quando questionado sobre o número total de pessoas envolvidas na análise, já que "o trabalho apenas teve em conta o número de estudos analisados". Mas através do estudo foi possível cifrar em 70771 o total de participantes, através da contagem do número de pessoas que participou em cada um dos 63 trabalhos analisados. Os tipos de religião com mais crentes registados, contudo, não foram contabilizados. A relação entre religião e inteligência "já foi examinada repetitivamente", lê-se, no trabalho intitulado "A Relação entre Inteligência e Religiosidade: uma Meta-Análise e Algumas Explicações Possíveis".
Em 2008, por exemplo, um estudo de Richard Lynn, professor de psicologia da Universidade de Uslter, Reino Unido, defendeu, com base em números recolhidos em 137 países desenvolvidos, que a crença religiosa decaiu no século XX - ao mesmo tempo que as populações dessas respectivas nações se tornaram mais inteligentes.
Outro dos trabalhos escolhidos, e que serviu de base a dezenas de outros, desenrolou-se entre 1925 e 1959 sob a coordenação de Lewis Terman, da Universidade de Stanford, nos EUA. O psicólogo começou por reunir cerca de 1500 crianças, mais tarde designadas por "Termites", todas com idades a rondar os dez anos e cujo QI era superior a 135 - o valor considerado normal andará à volta dos 100. O objectivo era medir os seus níveis de religiosidade anos mais tarde. Em quatro momentos distintos (1960, 1977, 1986 e 1991), este grupo de pessoas registou níveis sempre inferiores à generalidade da população norte-americana.
Este recente estudo, porém, "é mais eficaz" face aos anteriores "devido à análise estatística realizada" e ao número de trabalhos analisados. O problema, sublinham os autores, sempre esteve "na ausência de um claro consenso" face ao que "pode explicar" a ligação negativa entre religião e inteligência.
E quais são as razões que podem ajudar a explicar esta 'resistência' à religião por parte de pessoas mais inteligentes? As explicações possíveis, dizem, são várias. A mais comum defende "que as crenças religiosas são irracionais, não estão ancoradas na ciência, não são testáveis e, portanto, não são apelativas para pessoas inteligentes". Uma delas até chega a propor que as "pessoas inteligentes têm mais probabilidade de ser tornarem ateias em sociedades religiosas", face "à sua tendência" de inconformismo a crenças que não são sujeitas a testes empíricos ou raciocínio lógico. O trio de psicólogos chega a admitir que "grande parte desta discussão é especulativa".
O conceito de inteligência tem várias caras - pode ir desde a emocional, criativa ou artística. Os investigadores optaram por cingir o estudo à vertente analítica, descrita como "a capacidade de argumentar, planear, resolver problemas, pensar no abstracto, compreender ideias complexas, aprender rapidamente e a partir da experiência". Entre os trabalhos analisados, o nível de inteligência foi mensurado através de vários métodos, como os testes de Wechsler ou Peabody, ou até por via de exames de admissão a universidades. Quanto à religiosidade, o estudo focou-se em dois factores de medição: a crença, definida na própria crença da pessoa em Deus e nos rituais que executa em sua função, e o comportamento, como ir à missa ou o número de vezes que a pessoa rezava a cada dia.
Em 2011, existiam em Portugal cerca de 615 mil ateus de acordo o Instituto Nacional de Estatística. Dados dos últimos censos mostram que à volta de 7,6 milhões de pessoas com "15 ou mais anos" eram crentes - a religião católica, a rondar os 7,2 milhões, era a predominante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário