terça-feira, 13 de agosto de 2013

Portugal sai da recessão técnica mas com dificuldades pela frente - Dinheiro Vivo

Portugal sai da recessão técnica mas com dificuldades pela frente - Dinheiro Vivo

Nos números que vai divulgar amanhã, o INE (Instituto Nacional de Estatística) deverá anunciar uma saída de Portugal da recessão dois anos e meio (dez trimestres consecutivos) depois de a economia ter começado a cair a pique. As várias previsões avançadas por bancos e centros de investigação universitários apontam para uma subida entre 0,2% e 0,6% do PIB no segundo trimestre, motivada pela boa prestação das exportações e pela melhoria, ainda que tímida, do consumo interno, embora ainda em terreno negativo.
A confirmar-se a inversão no segundo trimestre, o valor do PIB este ano pode ser melhor do que o esperado pelo Governo e pela troika para 2013. Ainda assim, um valor insuficiente para levar o PIB para terreno positivo no total do ano.
Mas como se explica o crescimento inesperado da economia de abril a junho? Simples: as exportações dão o maior contributo. O comércio internacional aumentou 3% no acumulado dos primeiros seis meses deste ano, comparativamente a igual período do ano passado. Se a contabilidade for realizada trimestralmente, a variação homóloga é duas vezes superior: 6,3%. Para os números entra a contribuição do turismo, que é calculado como exportação.
Comparado com os apenas 0,8% de subida das exportações previstas no Orçamento Retificativo, é um salto substancial. Aparentemente, o motor externo está outra vez a funcionar.
Também o desemprego cedeu em junho pela primeira vez em dois anos. E apesar de estarem 881 mil portugueses sem emprego, são menos 66,2 mil (7%) do que nos primeiros três meses do ano. Mais uma vez o verão (efeito sazonal) e o turismo voltaram a dar um contributo essencial.
Mas há mais. Também em junho, consumo privado e atividade económica (indicador coincidente mensal para a evolução homóloga do Banco de Portugal), que acumulam dois anos consecutivos de quedas mensais, melhoraram, apesar de se manterem negativos. E até as vendas de automóveis, que tiveram em 2012 o pior ano dos últimos 27, voltaram ao crescimento no sexto mês do ano - mais 17,1%.
“Pode não ser suficiente para inverter a tendência de queda da economia durante o ano, mas é um bom sinal”, disse o economista Miguel Beleza ao Dinheiro Vivo. O antigo ministro de Cavaco Silva lamenta que o segundo trimestre reflita um “crescimento pontual da economia que não será suficiente para impulsionar o crescimento no final do ano”, mas assume que começar a crescer, ainda que de forma tímida no segundo trimestre de 2013, “dá mais força à ideia de que em 2014 poderemos começar realmente a crescer e a diminuir o desemprego jovem” que é “o maior problema do País”.
Também António Nogueira Leite rejeita que se possa falar no fim da crise. “É melhor ter um resultado positivo no trimestre do que ver a economia a continuar a cair consecutivamente, mas não tenho qualquer dado que permita falar em fim da recessão.” Como refere, “ainda temos um ajustamento duro pela frente, que dificilmente será acompanhado de crescimento”. O economista entende que o Governo não pode utilizar este trunfo para negociar com a troika. “Os técnicos vão ver esta evolução como um resultado do processo de ajustamento e do caminho prosseguido e não como uma forma de aliviar as metas traçadas”, afirma.
Já o economista José Reis sublinha que “isto não passa de um jogo gratuito de números, mas no fundo o que temos é um conjunto mais vasto de indicadores que não se comportam da mesma maneira do que o PIB. As exportações estão a evoluir bem, mas falta criação de emprego, compromisso salarial, estabilização laboral, o olhar de confiança sobre o futuro próximo”.
Previsões
Pela primeira vez em mais de dois anos, a economia nacional parece dar sinais de alívio. As previsões apontam para um segundo trimestre positivo, a crescer entre 0,2% e 0,6%.
Universidade Católica A estimativa mais otimista é a do gabinete de estudos da Universidade Católica, que calcula que o PIB terá crescido 0,6% de abril a junho de 2013, pondo fim a dez trimestres consecutivos de contração económica.
Montepio O Montepio apresentou este mês as suas previsões para o desempenho da economia de abril a junho e antecipa um crescimento de 0,4%. A instituição considera que o consumo privado e o sector industrial estão na origem da melhoria.

Crédit Suisse Num relatório divulgado na semana passada, o banco suíço antecipa uma viragem da economia no euro e dá Portugal e Grécia como exemplos de recuperação. Para Portugal, a previsão aponta para um crescimento em cadeia de 0,3%.

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