segunda-feira, 6 de maio de 2013

Portas ataca troika e ameaça: ou cai o imposto sobre as reformas ou o CDS abandona o governo | iOnline

Portas ataca troika e ameaça: ou cai o imposto sobre as reformas ou o CDS abandona o governo | iOnline


Líder do CDS quer a troika fora de Portugal o mais cedo possível e recusa novos cortes nas pensões e nos salários dos trabalhadores
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros quer “estar em paz com a sua consciência”. E por isso está disposto a ir até às últimas consequências para que não entre em vigor uma nova taxa extraordinária que vai retirar ainda mais poder de compra a milhões de reformados. “Trata-se de um factor de sustentabilidade das reformas que agrava uma situação que já existe. Numa sociedade em que os mais velhos têm de ajudar os mais novos que estão no desemprego, o primeiro-ministro sabe e deve ter compreendido que esta é a fronteira que não posso deixar passar. Afectaria mais de 3 milhões de pensionistas do Estado e do privado. E que são precisamente os que não têm  voz”, disse. 
Num discurso ao país, Paulo Portas elegeu também a troika – ou “aqueles senhores”, como lhes chamou – como os opressores. Num tom verdadeiramente inédito neste governo, o presidente do CDS/PP disse que    “Portugal ainda está sob protectorado. A nossa dívida e o nosso défice fizeram-nos abandonar uma parcela da nossa soberania. Espero verdadeiramente que essa  circunstância vexatória seja apenas transitória”. E salientou que há uma completa e total divergência entre o discurso oficial da Comissão, do Banco Central Europeu e do FMI e os técnicos enviados para fazerem as avaliações periódicas.
“Percebo muito bem a perplexidade de muitos portugueses que ouvem os líderes do FMI, da Comissão e do BCE falarem sobre os limites da austeridade e a urgência do crescimento e depois não observam, por parte das equipas técnicas dessas instituições, suficiente flexibilidade nem nada que dê substancia a esses discursos oficiais”, acrescentou.

Troika fora de Portugal “Quero ajudar a recuperar a nossa soberania e a limitar o poder dos nossos credores. Estou convencido que o interesse de Portugal é haver um só resgate, um só calendário para a saída da troika e um só programa. É este o meu cenário de trabalho. A ajuda externa é de 78 mil milhões de euros, quase tudo conseguido, e o momento em que a troika deve sair é em Junho de 2014”. Referindo-se concretamente aos defensores de um segundo resgate, Portas defendeu que isso será muito pior para “uma classe média cada vez menos média e para uma pobreza cada vez mais pobre”.    
Nas entrelinhas ficaram várias críticas ao ministro das Finanças. “Há cada vez mais países com problemas cada vez maiores na Europa. Não estamos sós, nem somos o país mais problemático. E à fractura financeira, soma-se a fractura cultural e social, entre países do Norte que trabalham e países do Sul que descansam. O governo deve recusar essa classificação e singularizar os esforços dos portugueses. É uma urgência haver equilíbrio de medidas entre a consolidação orçamental, que é indispensável, e o crescimento, que é uma urgência”, disse.   

Reforma aos 67 anos  O ministro de Estado revelou que soube pelos jornais a intenção do governo subir a idade da reforma dos actuais 65 anos para os 67. E essa foi outra das medidas a que se opôs ferozmente, defendendo que deve ser feito um trabalho consistente e sério que avalie as consequências de uma medida deste tipo, nomeadamente ao nível da sustentabilidade da Segurança Social e da demografia.
Outro finca-pé foi o de não haver mais perda de poder de compra nem para os pensionistas nem para os trabalhadores. Fechada esta porta, a opção do executivo, explicou Portas, foi para os cortes nas despesas de funcionamento dos ministérios e medidas como o aumento do número de horas de trabalho na função pública, o aumento da contribuição da ADSE e o regime de mobilidade especial destinado a 2,5% do emprego público (através de rescisões amigáveis – frisou).
 O líder do CDS/PP explicou  ainda que se movimenta numa grelha de leitura onde insere “os compromissos internacionais de Portugal, o risco maior ou menor da inconstitucionalidade das medidas, o limiar ético da política social, a preservação de uma indispensável margem de manobra com os parceiros sociais, destacando aqui a UGT,  a necessidade de diálogo com o PS, e por fim tem em conta a posição do Presidente da República “que tem defendido, e bem, a concórdia política e a coesão social”. Mas assinalou “a fronteira que não deixa passar”.

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