quarta-feira, 8 de maio de 2013

“Efeito recessivo da segunda vaga de austeridade será imenso” - Dinheiro Vivo

“Efeito recessivo da segunda vaga de austeridade será imenso” - Dinheiro Vivo


O Governo tem ou não margem orçamental para deixar cair a taxa de solidariedade sobre pensionistas e reformados? O mais recente pacote de medidas anunciado pelo primeiro ministro permite poupar 4,8 mil milhões até 2015, quando, segundo o próprio, só seriam necessários 4000 milhões. Números que não convencem os economistas. José Reis, diretor e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, chama-lhe a “segunda vaga de austeridade” e garante que o seu efeito será, ainda pior. Eugénio Rosa assegura que “será muito difícil cortar isso tudo”.
“Só em consumos intermédios - fornecimentos, serviços e outras despesas correntes - pretende-se cortar 10%. Isso são 240 milhões de euros, não sei como é que isso se faz, não se vai fechar nenhum ministério”, diz Eugénio Rosa, lamentando que “tudo seja feito sobre o joelho”. Sobre a existência de folga, ou não, Eugénio Rosa, garante que os números que se conhecem não permitem essa análise com rigor, “só quando vier o orçamento retificativo”.
Já José Reis assegura que as medidas anunciadas, de “desmantelamento do Estado e de políticas sociais”, terão, cada uma delas, “efeitos muito fortes”, não apenas em termos sociais, mas também sobre a economia. “Não está a ver bem quem julga que é apenas mais uma parcela que se reduz numa conta qualquer da despesa pública”, frisa.
Para este economista, “a natureza contraproducente do caminho que estamos a seguir vai agravar-se ainda mais”. Defende que é “urgente renegociar a dívida”, mas num quadro de responsabilização da UE pela forma como criou o euro, e que o Estado “assuma um papel crucial” na criação de emprego para que haja “uma mais justa redistribuição do rendimento”.
Já Tiago Caiado Guerreiro lembra que estamos no terceiro ano de recessão e duvida de uma recuperação em 2014. “A situação não é sustentável, os impostos têm obrigatoriamente de descer. Nunca houve tanta gente insatisfeita a sair do país, os impostos sobre as pessoas e a propriedade são muito elevados, não há investimento”, diz. O fiscalistas mostra-se favorável à existência de uma taxa sobre as pensões mais elevadas, defendendo a proteção das mais baixas.

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