segunda-feira, 20 de maio de 2013

França: O novo doente da Europa - Internacional - Sol

França: O novo doente da Europa - Internacional - Sol

Um ano após chegar ao poder, os níveis de popularidade do Presidente francês François Hollande caíram mais rapidamente do que qualquer outro chefe de Estado gaulês e o socialista enfrenta crescentes problemas.
Esta quarta-feira, e juntando-se aos números do desemprego mais elevados dos últimos 16 anos, o observatório francês de estatística indicou que o país entrou em recessão, com a economia a recuar 0,2% no último trimestre. A queda é justificada com a mais significativa contracção do consumo interno francês em 30 anos e com uma quebra abrupta das exportações.
Os preocupantes números da economia e das finanças francesas também têm efeitos políticos e adensam a guerra deflagrada no seio do Governo de Hollande, com o ministro dos Negócios Estrangeiros Laurent Fabius a afirmar publicamente que «Bercy precisa de um chefe», referindo-se ao Ministério das Finanças de Pierre Moscovici, situado no bairro parisiense daquele nome. Fabius, que já liderou Bercy e também o Eliseu, é a mais alta figura a atacar o colega de Governo, juntando-se ao ministro da Indústria Arnaud Montebourg. «Se houver uma remodelação, esta será uma das questões a lidar», sentenciou Fabius.
Foi por isso um Hollande derrotado aquele que apareceu numa conferência de imprensa conjunta em Bruxelas com o presidente da Comissão Europeia Durão Barroso, na quarta-feira. E muito longe já do socialista em campanha de 2012, o líder francês acatou os apelos veementes do português para um maior esforço de consolidação das contas públicas de Paris, segunda maior economia da União.
Hollande culpa Sarkozy
Barroso pediu «reformas céleres e credíveis» a Paris para reduzir o «peso exorbitante» da dívida pública gaulesa, que até ao final do ano deverá atingir os 94% do PIB. Ao seu lado, e pressionado pelos jornalistas, Hollande viu-se forçado a explicar que o seu Governo socialista tem várias reformas em marcha – nas pensões, no mercado laboral, no subsídio de desemprego – e a apontar o dedo ao antecessor Nicolas Sarkozy, responsabilizando-o pelas agruras do país. «Quando assumi o poder, herdei um défice na balança comercial de 60 mil milhões de euros», disse sobre a perda de competitividade francesa. «A culpa é do aumento de impostos decidido pelo meu antecessor», afirmou quando confrontado pelos últimos dados que dão conta do uma quebra do poder de compra.
A direita francesa devolve as acusações e pela voz do ex-primeiro-ministro François Fillon acusa Hollande de ter parado as principais reformas conduzidas por Sarkozy e exigidas por Bruxelas.
Para Barroso, porém, a perda de competitividade francesa «dura há 20 anos» e é atribuída pelo português ao facto de Paris recusar ver «as boas oportunidades da globalização».
De Bruxelas, Hollande conseguiu trazer a garantia de que França terá mais dois anos (até 2015) para atingir a meta dos 3% de défice. As contrapartidas deverão ser anunciadas dia 29, quando a Comissão revelar as suas recomendações periódicas para os 27.
Barroso prometeu ainda que a Comissão lutará por uma cláusula de protecção da indústria cultural francesa no âmbito da negociação de um acordo de comércio livre com os Estados Unidos. Nos últimos dias, ganhou também força em França a ideia de um imposto sobre dispositivos móveis de acesso à internet – tablets e smartphones – que reverterá para as artes gaulesas.
O presidente da CE sublinhou ainda a «sintonia» entre Bruxelas e Paris acerca da necessidade de dar agora prioridade ao «crescimento» e ao combate ao desemprego jovem.

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