quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Transportadora JLS prepara mudança para Paris "empurrada" pelas portagens nas SCUT | iOnline

Transportadora JLS prepara mudança para Paris "empurrada" pelas portagens nas SCUT | iOnline

A JLS, uma das maiores empresas de transportes do país, está a preparar a deslocalização da sua sede de Viseu para Paris, "empurrada" pela introdução de portagens nas ex-SCUT.
Nelson Sousa, administrador da JLS - Transportes Internacionais, que opera com cerca de três centenas de camiões, admitiu à agência Lusa que a empresa "pode mudar muito em breve", aproveitando o investimento de oito milhões de euros que tem em curso na capital francesa.
Com esta decisão, 95% dos mais 250 trabalhadores da JLS - Transportes correm risco de ir para o desemprego, visto que a empresa prefere fazer novas contratações em França, onde considera que a legislação laboral é mais benéfica.
"Portugal não é um país atrativo para uma empresa como a nossa e a introdução de portagens nas antigas SCUT (vias sem custos para o utilizador) foi a derradeira prova de que não há o mínimo de sensibilidade para quem investe", apontou o gestor.
Este administrador da JLS dá como exemplo para a "falta de sensibilidade" as empresas estrangeiras a operar em Portugal "sem terem de pagar portagens (nas ex-SCUT), criando uma distorção clara na concorrência", num "setor altamente competitivo" como é o dos transportes.
"É que não se pode ser ingénuo e pensar que as empresas estrangeiras vão, a correr, pagar as portagens na estação de correios mais próxima", ironizou.
A JLS tem um investimento em curso em Paris de oito milhões de euros e cerca de 20 por cento do seu negócio já decorre no estrangeiro, uma situação que Nelson Sousa admite ser facilitadora da "decisão de mudar a sede da empresa" para a capital francesa, "especialmente depois deste claro ataque que foi a introdução das portagens".
Sobre o novo regime de pagamento anunciado recentemente pelo governo, que põe fim às isenções, mas introduz um desconto generalizado de 15 por cento, com um bónus de 10 às empresas, acrescido de 25 por cento no período noturno, Nelson Sousa diz que "não é mais que uma esmola" e que "não é de esmolas que as empresas precisam".
"É preciso dizer que todas as ajudas são bem vindas, especialmente neste período de crise profunda, quando se luta claramente pela sobrevivência. Mas não é assim que se ajuda as empresas, com portagens em auto estradas que, pura e simplesmente, não têm alternativas viáveis", disse.
Para o responsável o cenário atual "denota uma clara falta de estratégia do governo" e sublinha que "prova que o setor dos transportes é claramente ignorado".

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