quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Gaspar pôs o lugar à disposição. Passos travou demissão | iOnline

Gaspar pôs o lugar à disposição. Passos travou demissão | iOnline

Ministro das Finanças tem sido contestado dentro e fora do executivo e manifestou disponibilidade para ser substituído.

O ministro das Finanças falou nos últimos dias com o primeiro-ministro e pôs o lugar à disposição antes da conferência de imprensa em que apresentou as linhas gerais do Orçamento do Estado para 2013, na segunda-feira, soube o i junto de fonte próxima de Vítor Gaspar.
O i questionou o Ministério das Finanças, que não quis fazer comentários sobre este assunto.
O ministro acossado pelas críticas dentro do próprio governo – além do CDS, alguns ministros do PSD manifestaram--se contra algumas opções políticas de Gaspar – decidiu falar com Passos Coelho, numa conversa pessoal, e dizer que estaria disposto a sair do governo caso o primeiro-ministro assim o entendesse. Passos disse que não e segurou o ministro que nos últimos meses tem garantido lugar de destaque no executivo e tem sido mais que o braço-direito do chefe do governo.
A segurança transmitida por Passos deu a Gaspar a confiança para responder aos jornalistas mais tarde na conferência de imprensa no Ministério das Finanças. Quando lhe perguntaram se se sentia “remodelável”, o ministro das Finanças respondeu sem hesitação e com a certeza de que estava protegido pelo chefe do governo. Disse que essa decisão cabia ao primeiro-ministro, mas foi mais longe ao dizer que só ficaria no lugar de responsável pela pasta das Finanças enquanto fosse útil e que mais não estava a fazer do que a retribuir ao país o investimento que os portugueses fizeram na sua educação. “A composição do governo está à disposição do primeiro-ministro. Esse ponto é incontornável”, disse. Mas logo depois acrescentou: “A minha participação no governo tem o único propósito de retribuir ao país o enorme investimento que o país colocou na minha educação. Foi extraordinariamente cara e Portugal investiu na minha educação de forma generosa durante algumas décadas. É minha obrigação estar disponível para retribuir essa dádiva que o país me deu.” E se dúvidas houvesse quanto à vontade de Gaspar permanecer no governo, o ministro rematou: “A minha permanência dependerá da utilidade que essa permanência terá para a República Portuguesa. Não tem qualquer outra motivação.”
Mas desta vez o ministro sentiu as críticas chegarem-lhe bem perto, ao ser acusado de ser o principal foco de tensão entre os dois partidos da coligação. Perante a possibilidade de ser a sua posição a influenciar a continuidade do executivo terá manifestado a disponibilidade de ser substituído se Passos o entendesse. Mas o primeiro-ministro tem sempre dado a cara publicamente pelo ministro e, apesar de algumas vozes apresentarem Gaspar como remodelável, Passos não defende o mesmo. Pelo menos para já. Tal como o i escreveu esta semana, várias são as vozes no executivo que defendem uma substituição de Vítor Gaspar por Paulo Macedo, devido à experiência do ministro da Saúde em assuntos fiscais, por ter sido director-geral dos impostos entre 2004 e 2007.
A remodelação do executivo – numa altura em que aumenta a tensão entre PSD e CDS – tem sido dado corrente nas últimas semanas, mas o primeiro-ministro tem adiado mexidas na sua equipa, até porque é certa a dificuldade em convencer personalidades fora do executivo a entrar para o governo numa altura em que os níveis de popularidade estão em baixo. Nas últimas semanas, Esmeralda Dourado, administradora do Grupo SAG, terá sido abordada para integrar a equipa de Passos e substituir o ministro da Economia, mas terá negado. Álvaro Santos Pereira surge no topo dos ministros a substituir há largos meses, quando o próprio terá posto essa hipótese na altura em que perdeu a gestão a 100 por cento dos fundos do QREN e após a demissão do secretário de Estado da Energia Henrique Gomes por causa da negociação das rendas do sector energético.

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