sábado, 20 de outubro de 2012

Argentinos apostam forte na corrida à ANA - Dinheiro Vivo

Argentinos apostam forte na corrida à ANA - Dinheiro Vivo


Do velho e circular aeroporto da era soviética já só resta a bonita torre de controlo em betão, uma espécie de monumento à memória de um tempo que os arménios não recordam com saudade. No lugar do velho e inoperante terminal ergue-se agora uma moderna gare, que rivaliza em eficácia e beleza com os mais modernos aeroportos do mundo. "Tudo foi demolido. O que ficou do velho edifício vai agora dar lugar a um hotel e num terreno contíguo nascerá uma estação de comboios", diz Marcelo Wende, diretor do aeroporto internacional de Zvartnots, em Erevan, concessionado pelo governo arménio à Corporación America (CA), o maior operador mundial de aeroportos, que já demonstrou interesse na portuguesa ANA.

É com satisfação difícil de disfarçar que Wende guia os jornalistas por aquela que diz ser a mais moderna infraestrutura aeroportuária do Cáucaso. Modernos e eficientes balcões de check-in, qualidade de atendimento, internet grátis em todo o aeroporto ("o wi-fi hoje é tão importante para os passageiros quanto o banho", diz), 500 câmaras de videovigilância monitorizadas num sistema central de fabrico israelita e luz, muita luz, por todo o edifício.
O Zvartnots não é apenas um conjunto sofisticado de 25 mil metros cúbicos de cimento e cinco toneladas e meia de ferro, com capacidade de resistir à intensa atividade sísmica da Arménia, onde trabalham mais de 600 pessoas. O principal aeroporto do país é uma inédita experiência de concessão assumida pelo governo arménio em 2010 depois de anos de avanços e recuos.
"Houve quem não acreditasse neste modelo de gestão, acusaram o governo de estar a vender o aeroporto", disse ao Dinheiro Vivo Artyom Movsesyan. Para o diretor-geral de Aviação Civil da Arménia, a concessão foi, por todas as desconfianças que envolveu, sinónimo de "revolução" porque "não se trata só da qualidade de investimento, trata-se de uma mudança de mentalidades" assente na "confiança entre as duas partes envolvidas no negócio", o governo da Arménia e a CA.
O grupo nascido na Argentina e fundado pelo empresário de origem arménia Eduardo Eurnekian "fornecia-nos garantia de um investimento e gestão qualificadas", acrescentou Artyom Movsesyan numa referência à experiência da CA, que opera 50 aeroportos na América Latina, Europa e Ásia. Uma operação à qual já anunciou querer juntar os aeroportos portugueses geridos pela ANA associado a parceiros nacionais com "prestígio, credibilidade e solidez financeira", cuja identidade, no entanto, fonte do grupo recusa revelar.
Com receitas anuais que ultrapassam 2 milhões de dólares, a CA terá de afrontar outros gigantes do sector que já anunciaram o interesse na empresa portuguesa. A Fraport, gestora do aeroporto de Frankfurt, a Changi de Singapura, a Aéroports de Paris e a espanhola Ferrovial são alguns dos pelo menos dez interessados na ANA. O governo, recorde-se, quer concessionar a operação antes da venda, de forma a que a empresa gestora dos aeroportos continentais e dos Açores pague mil milhões de euros pela concessão antes de poder ser entregue a privados.

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