terça-feira, 2 de outubro de 2012

Viver à grande e à portuguesa numa mansão de estudantes | iOnline

Viver à grande e à portuguesa numa mansão de estudantes | iOnline

Por 440 euros pode viver numa casa de três andares com piscina e despesas no centro de Lisboa. Tem é de partilhá-la com mais gente.

“E ainda dizem que há crise!”, poderá ter exclamado ao olhar para as fotografias deste artigo. É uma frase comum nos dias que correm – às vezes abreviada para “ainda dizem cacrise”, palavra nova – quando se observa alguém que está claramente a viver acima das possibilidades da maioria. Pois bem, não é preciso ser rico para viver numa mansão de luxo como esta. Não tem de roubar, emigrar, ou qualquer dessas ideias que lhe possa passar pela cabeça nesta altura do campeonato. Tem é de estar disposto a partilhar a casa com mais oito pessoas – e lembrar-se de que são estudantes com muito tempo livre e vontade de organizar festas na piscina todas as semanas.
Há um ano, Joana Tomé Ribeiro, de 18 anos, mudava-se do Porto para Lisboa para estudar Gestão na Universidade Nova. “Vivia com o meu primo e mais dois amigos numa casa pequena ao pé da Assembleia”, conta. A renda não era cara, 225 euros, mas, como Joana faz questão de repetir, a “casa era mesmo muito pequenina”. Desde a semana passada que se pode orgulhar de viver à grande e à portuguesa. Ainda por cima a poucos minutos da faculdade.
“Andava à procura de casa, vi um passatempo no site da UniPlaces [www.uniplaces.com, onde se encontram várias ofertas de alojamento para estudantes universitários] e decidi participar”, conta. Tinha de escrever uma frase sobre a mansão de luxo, que até então só conhecia através de fotografias, e acabou por ganhar o passatempo. “Na frase prometi que ia andar 15 dias com um balão da Uniplaces ao pulso”, recorda. “Ganhei e agora tenho a renda da casa paga até 31 de Dezembro.”
É precisamente Joana que nos abre a porta da mansão de estudantes – sem o balão no pulso – numa rua pouco movimentada de uma zona só de moradias em Campolide. “Só amanhã é que vou mesmo receber as chaves”, explica-nos, e talvez por isso ainda não conheça bem os cantos à casa. Mesmo assim, conhece o caminho para o seu quarto, um dos melhores e com vista para a piscina e para o viaduto Duarte Pacheco (esta última parte pode apenas parecer apelativa para os serviços de controlo de trânsito, mas a sério que a vista é incrível). É também Joana que nos mostra a sala de jogos, a cozinha onde outros estudantes, peruanos, deixaram um tupperware cheio de arroz e o jardim com uma piscina perfeita para festas.
Clemont, um francês de 21 anos a fazer Erasmus em Lisboa, já está a pensar na próxima. Chegou à mansão no dia anterior, “debaixo de uma chuva tropical”, e diz que está “no paraíso”. Quando chegou a Lisboa foi viver para um hotel nos Restauradores e pensava que ia ali morar o resto do ano. “Depois descobri que tinha poucas aulas e não queria viver sozinho, então encontrei esta casa através da associação de estudantes da minha faculdade”, conta. “Em França temos um filme muito famoso, ‘A Residência Espanhola’ [em que um rapaz vai fazer Erasmus para Barcelona e acaba por morar com vários estudantes], e viver assim é o sonho de qualquer francês”, sorri. A sua renda é das mais caras, 840 euros (as mais baratas começam nos 440 euros), e não ganhou o passatempo, portanto o dinheiro vai- -lhe sair do bolso. Mas tem direito a um quarto duplo e a casa de banho privada. Além disso o preço já inclui despesas e extras como internet, mobília, roupa de cama e até empregada.
O francês veio parar a Lisboa por acaso. “Na lista que fiz era a minha sétima hipótese”, ri-se. “Gostava de ir para a Índia ou para a Argentina, mas a minha média não era muito boa e por isso acabei por vir para aqui. Mesmo assim é a melhor cidade da Europa para Erasmus.”
Se ficou com vontade de ser companheiro de casa de Clemont ou Joana, ainda há um quarto disponível na mansão de estudantes – os outros já estão ocupados por peruanos, franceses, argentinos e alemães, ficámos a saber. Os contactos podem ser feitos através do site da UniPlaces, a empresa que teve a ideia de fazer uma mansão só para estudantes.
“A ideia é desmistificar o conceito do estudante que tem de viver num quarto com poucas condições”, explica Miguel Amaro, de 23 anos, um dos quatro fundadores da UniPlaces (o mais velho é espanhol e tem 32 anos). A empresa portuguesa, que na verdade é um portal de arrendamento universitário, começou por funcionar com quartos em Lisboa mas já chegou ao Chile. “Neste ano de crise aproveitámos o facto de muitos proprietários não conseguirem vender casas para os convencermos a alugá-las. E dentro do arrendamento o sector universitário é o mais interessante.”

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