sábado, 20 de outubro de 2012

União bancária. Mais uma vitória alemã e uma enorme derrota de Hollande | iOnline

União bancária. Mais uma vitória alemã e uma enorme derrota de Hollande | iOnline

Angela Merkel: “Não haverá retroactividade na recapitalização directa dos bancos”.

Foi mais um balde de água fria que atingiu em cheio o presidente francês, François Hollande, mas também Mariano Rajoy, chefe do governo espanhol, e o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho. E isto porque Espanha sonhava que o resgate à banca, que vai atingir um valor superior a 50 mil milhões de euros, não iria afectar a dívida pública espanhola. Mas como a união bancária só deverá estar operacional em 2014, os dinheiros para a banca, canalizados através do Mecanismo de Estabilidade Europeia, não podem ir directamente para os bancos. São canalizados através dos estados. E para desfazer quaisquer dúvidas que ainda existissem depois de mais um Conselho Europeu, Angela Merkel foi muito clara quando afirmou que não haverá retroactividade na recapitalização da banca. É claro que este balde de água fria deixou gelado François Hollande, o defensor dos países do Sul, Mariano Rajoy, que além do resgate à banca tem em mãos um pedido de ajuda financeira à Espanha, e também o primeiro-ministro português. Pedro Passos Coelho não deve ter ouvido Angela Merkel quando, no final do Conselho Europeu, afirmou que Portugal poderia ir à boleia da Espanha e evitar que os 5 mil milhões de euros injectados na banca portuguesa, de um bolo total de 12 mil milhões de euros emprestados a Lisboa pela Comissão Europeia, pelo Banco Central Europeu e pelo Fundo Monetário Internacional na altura da assinatura do Memorando de entendimento, em Maio de 2011, agravassem ainda mais a dívida pública portuguesa. Uma ilusão que a Alemanha não quis alimentar por mais tempo. Mas a posição alemã não é de agora. Dias antes do Conselho Europeu já era claro que Berlim não ia ceder às pressões da França, de Espanha e Itália. E não está sozinha. A sua posição é partilhada por mais três países com rating triplo A: Holanda, Finlândia e Áustria.
O que estes países defendem é que poderá haver recapitalização directa de bancos pelo MEE, mas apenas quando e se resultarem de problemas ocorridos sob a vigilância do novo Mecanismo Único de Supervisão Bancária, que será criado como uma das ferramentas da união bancária. Ou seja, os casos ocorridos sob a vigilância dos supervisores nacionais são heranças nacionais que os novos mecanismos não vão resolver. Com este princípio de actuação, se o Mecanismo Único de Supervisão não cometer erros, a recapitalização directa nem será necessária. Este é aliás o princípio da articulação dos vários mecanismos de defesa que estão a ser desenvolvidos para a zona euro.
Cameron ameaça com veto A Grã-Bretanha continua renitente em votar o orçamento da UE para o período 2014-2020. Questionado no final do Conselho Europeu sobre se vai mesmo vetar o projecto para as perspectivas financeiras da UE, Cameron afirmou: “A resposta é sim.” E acrescentou: “Não podemos estar sempre a acrescentar despesas a mais despesas.” Na mesma ocasião, aproveitou para esclarecer que não irá a Oslo com os restantes líderes europeus receber o Nobel da Paz, que este ano foi para a União Europeia. Ontem, o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, convidara todos os líderes dos 27 a irem aceitar o galardão que provocou uma onda de críticas ao Comité do Nobel devido à crise política, social e económica da UE.

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