quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Tecnologias de controlo. Big Brother is watching you (ou talvez não) | iOnline

Tecnologias de controlo. Big Brother is watching you (ou talvez não) | iOnline

Em termos políticos é um bico d’obra, a nível económico tem muito para crescer. A legislação impõe, mas a fiscalização ainda falha.

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O negócio das tecnologias de controlo em Portugal ainda é incipiente – perto de 5 milhões de euros/ano –, e as perspectivas eram mais favoráveis há cinco anos. Mas há dinheiro por trás de algumas decisões políticas controversas.
Em Portugal ainda só é obrigatório o registo electrónico (implante de microchip) em algumas espécies animais. Mas nos Estados Unidos, por exemplo, o Senado aprovou uma lei que passou despercebida a alguns e que prevê a identificação obrigatória através deste sistema para doentes com determinado tipo de patologias já a partir de Março do próximo ano.
No mercado português existem vários dispositivos, de microchips a pulseiras electrónicas, passando pela base de dados de perfis de ADN ao GPS.
O facto de este segmento representar apenas uma pequena fatia do negócio das novas tecnologias prende-se com questões diversas, entre elas o facto de se tratar de um negócio de volume, como explicaram ao i os responsáveis de duas empresas que operam nesta área, a Syone e a Global 8 Track.
“A nossa engenharia é muito boa, mas não há volume que justifique o investimento”, afirmou o director-geral da Global 8 Track, Pedro Fonseca. Por isso esta empresa criada em Novembro de 2011 tem parcerias com empresas estrangeiras e utiliza produtos fabricados na Lituânia. Para este ano espera um volume de negócios da ordem dos 300 mil a 400 mil euros e uma progressão anual de dois dígitos nos próximos anos.
Em Portugal, a Global 8 Track tem como rival a Inosat, que também oferece soluções GPS para pessoas e bens. Existem sistemas para localizar doentes, crianças, automóveis e outros bens. Podem ser vendidos individualmente ou a empresas e para aceder a um serviço deste género basta possuir um telemóvel e o equipamento fornecido pela empresa, que pode custar desde 14,99 euros por mês.
Hugo Pedro, director de marketing e vendas da Syone, empresa especializada em tecnologia RFID (identificação via radiofrequência) disse ao i que “existe interesse nesta matéria, mas pouca gente com capacidade para investir. Os custos não são exorbitantes, mas o retorno não é condizente com o investimento”.
A empresa fez um esforço na divulgação desta tecnologia e das suas aplicações e ficou na expectativa de ver evolução do mercado. Hoje redireccionou o negócio e está a desenvolver aplicações-piloto para ginásios (controlo de toalhas) e para uma câmara municipal (identificar volume de lixo produzido por casa para eventual aplicação de taxas diferenciadas), entre outras. Em Portugal existem mais três ou quatro empresas concorrentes desta. Uma vez mais, a tecnologia RFID é importada da China e da Índia e são as soluções que são concebidas em Portugal.
O PS recorreu aos serviço da empresa num dos seus congressos, para controlar entradas e saídas, através de um microchip (etiqueta) incluído no convite, e os votos. Cada etiqueta pode custar entre 15 e 20 cêntimos e o software e serviço de manutenção cerca de 5 mil euros.
No segmento de microchips para animais estão autorizadas a comercializar material de identificação electrónica (microchips ou leitores) oito empresas. Este ano, a fornecedora da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária é a Laboratório Sorológico, mas já foram a Virbac, a Trasco e a Plurivet, todas elas im- portadoras.
O sócio-gerente da Quinta Nova, Albertino Guimarães, contou ao i que acabam por vender microchips também para a indústria de moldes, por exemplo. Este segmento do negócio vale cerca de 100 mil euros por ano à empresa, mas podia valer mais. “Um dos problemas é que não há fiscalização, nem meios para o fazer.” Ou seja, há legislação, mas não é cumprida.
As tecnologias de controlo, que têm como objectivo primeiro prevenir crimes e proteger os cidadãos de forma eficiente e com custos reduzidos, estão a ganhar adeptos e encontram cada vez menos resistência e maior abertura por parte dos utilizadores.

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