quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Saúde dos portugueses em tempo de crise vai ser avaliada pela OMS | iOnline

Saúde dos portugueses em tempo de crise vai ser avaliada pela OMS | iOnline

Missão chega em 2013 e vai avaliar impacto da crise mas também da austeridade.

O impacto da crise e da austeridade na saúde dos portugueses vai ser avaliado em 2013 por uma equipa da Organização Mundial de Saúde. O Secretário de Estado Adjunto e da Saúde Fernando Leal da Costa anunciou ontem que Portugal aceitou participar nesta avaliação que a OMS pretende fazer em mais países afectados pela crise e adiantou que Espanha, por exemplo, recusou fazer parte porque considerar que a crise nacional é bastante diferente da portuguesa.
Constantino Sakellarides, coordenador do Observatório Português dos Sistemas de Saúde e antigo colaborador da OMS, comentou ontem ao i que a iniciativa é importante, mas já deveria ter acontecido. “A OMS devia estar ao lado dos governos na mesa da troika”, defendeu o especialista em saúde pública, que nos últimos meses tem alertado para o facto de os programas de ajustamento acordados entre os países e os credores externos violarem por exemplo o tratado europeu de Maastricht. O acordo defende que todas as políticas públicas devem ter em conta a saúde e bem-estar dos cidadãos.
Sakellarides, que nos últimos meses formou um observatório com investigadores de outros países intervencionados para ir debatendo e avaliando o impacto da austeridade na saúde nos respectivos países, adianta que a OMS tem sido pressionada a ter um papel mais activo na conjuntura actual. O antigo director-geral de Saúde recordou que um dos últimos momentos de pressão pública aconteceu numa reunião anual de peritos que teve lugar em Gastein, na Áustria, há dez dias, onde tanto os representantes da Comissão Europeia como da OMS foram criticados por não terem intervindo mais cedo.
Além da missão da Organização Mundial de Saúde e eventuais trabalhos de monitorização em articulação com a Comissão Europeia – processo que estava em curso mas foi interrompido com a demissão do comissário europeu John Dalli por suspeitas de corrupção – Leal da Costa anunciou que a Direcção-Geral de Saúde passará a actualizar com “alguma regularidade” vários indicadores sobre a saúde dos portugueses mas também outros indicadores que permitam avaliar até que ponto estão a ser cumpridos os objectivos do novo plano nacional de saúde, em vigor até 2016.
Ontem, no parlamento, os deputados questionaram a tutela sobre que monitorização foi feita até agora e que conclusões houve para o excesso de mortalidade registada em Janeiro e Fevereiro entre a população com mais de 65 anos. O relatório do Instituto Nacional de Saúde sobre esta matéria ainda não é público mas análises internacionais apontam para a conjugação de um vírus da gripe mais agressivo para a população mais velha e a vaga de frio registada nestes meses. Sem relacionar os elementos, o ministro Paulo Macedo sublinhou que, este ano, em poucos dias já foram vacinadas mais pessoas contra a gripe sazonal do que em todo o ano passado.
O Ministério da Saúde espera disponibilizar de forma gratuita mais de 800 mil doses de vacinas ao longo das próximas semanas e garantiu que não são cobradas taxas moderadoras aos grupos de risco: idosos com mais de 65 anos, portadores de doenças crónicas e profissionais de saúde e profissões de risco (expostas a muitas pessoas). Ontem, já tinham sido vacinados 27,3% da população nos grupos prioritários, entre a qual 666 mil idosos.

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