segunda-feira, 8 de outubro de 2012

PME portuguesas são as que pagam juros mais altos na Europa - Dinheiro Vivo

PME portuguesas são as que pagam juros mais altos na Europa - Dinheiro Vivo

Os empresários portugueses estão a pagar mais pelos empréstimos. Os dados do Banco Central Europeu (BCE), divulgados recentemente, mostram que as pequenas médias empresas (PME) portuguesas pagam as taxas de juro mais elevadas da zona euro.

Em agosto, o custo de um empréstimo bancário de até um milhão de euros, com um prazo de um a cinco anos - que geralmente é o tipo de crédito mais solicitado pelas PME - voltou a subir, tendo mesmo ultrapassado a barreira dos 7%.

No referido mês, os juros pagos pelas empresas portuguesas atingiram os 7,79%. Esta taxa somente é superada pelo "pico" dos custos do financiamento bancário em Portugal que ocorreu há um ano, em Setembro de 2011, cuja taxa média cobrada pelos bancos ascendeu a 8,1%. Nessa altura, os juros da dívida soberana batiam recordes, no período que sucedeu ao pedido de ajuda externa.

Os número parecem dar razão aos empresários que se queixam de que os juros cobrados pela banca portuguesa são muito elevados, tornando-se quase insustentável para algumas empresas pedir crédito.

Já a banca defende-se dizendo que está disponível para dar financiamento, sobretudo a empresas de boa qualidade mas que, naturalmente, devido ao risco mais elevado e ao contexto económico, os custos são também mais caros.

Num mês em que a maioria dos países conseguiu reduzir os custos de financiamento para as empresas, Portugal foi dos poucos países que assistiu a um aumento da taxa de juro cobrada às empresas, tendo saltado da quarta posição, verificada no mês anterior, para o pódio com os juros mais caros.

A tendência de subida das taxas nos empréstimos até um milhão de euros foi acompanhada por Espanha , com os juros a subirem para 6,61% (6,50% em julho), superando mesmo a Grécia (6,51%).

No caso espanhol, esta não é uma situação estranha, uma vez que o país tem estado bastante pressionado com a possibilidade de vir a pedir um resgate total, depois do já anunciado pedido de ajuda à banca.

Mais do dobro da AlemanhaA desvantagem competitiva das PME portuguesas é ainda mais óbvia quando se considera que, para o mesmo empréstimo, uma empresa alemã teria que pagar uma taxa de juros de 3,81% (4,04% em julho), ou seja, menos de metade do que uma PME portuguesa.

Analisando as taxas cobradas às empresas de outros países verifica-se que, em França o custo ficou em 4,02% em agosto (4,14% no mês anterior). Mesmo a Itália, que subiu para 6,24% em julho, diminuiu para 5,83% em agosto. A média da área do euro foi de 4,15%.

A disparidade reflete uma fragmentação da zona do euro, um facto reconhecido pelo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, na reunião de política monetária da semana passada - na qual se manteve inalterada a taxa de juro de referência para a zona euro no mínimo de 0,75% - como "inaceitável".

Os valores são sobretudo importantes por se tratarem de empréstimos que, normalmente, são solicitados por PME.

Na Europa, as 23 milhões de PME existentes representam mais de 99% das empresas do Velho Continente e foram responsáveis, nos últimos anos, pela criação de nove em cada 10 novos postos de trabalho, explicou Calleja Crespo, o responsável da estratégia da Comissão Europeia para as PME.

Nenhum comentário:

Postar um comentário