sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Passos Coelho critica Hollande por revelar debates dos líderes - Economia - PUBLICO.PT

Passos Coelho critica Hollande por revelar debates dos líderes - Economia - PUBLICO.PT

O primeiro ministro criticou hoje indirectamente o presidente francês, François Hollande, por ter revelado um detalhe dos debates dos líderes da União Europeia (UE) durante a cimeira que terminou esta tarde em Bruxelas.

Hollande disse de madrugada que os primeiros ministros de Espanha e Grécia expressaram durante a primeira sessão de trabalho dos 27 uma preocupação sobre o impacto social da crise económica nos respectivos países.

"A situação social foi invocada antes de mais pelos países afectados", afirmou Hollande, referindo-se especificamente aos chefes dos Governos de Espanha e Grécia, Mariano Rajoy e Antonis Samaras, e sem fazer qualquer menção a Portugal. "Não me cabe a mim falar em nome do primeiro ministro espanhol e do primeiro ministro grego, mas eles descreveram a situação nos seus países", afirmou o presidente francês.

Confrontado pelos jornalistas sobre a questão, Passos Coelho recusou entrar em detalhes sobre o teor dos debates dos líderes que, frisou, se desenrolam "à porta fechada". "Seria um péssimo precedente" e "muito pouco construtivo que possam existir versões sobre o que é que um primeiro ministro ou um chefe de Estado possa dizer a propósito desta ou de outra questão", afirmou. Apesar disso, Passos confirmou que "o programa português não esteve em discussão" durante a cimeira. "Eu não trouxe à colação a execução do programa português", salientou.

O chefe do Governo considerou por outro lado que "é uma verdade de La Palisse afirmar que a austeridade tem custos ao nível do crescimento e emprego", recorrendo a uma velha expressão popular que designa uma evidência que se demonstra a si própria. "Toda a gente sabe que é difícil concretizar um ajustamento da amplitude daquele que nós estamos a fazer e que isso tem evidentemente custos sociais que são relevantes", frisou.

Passos reiterou por outro lado a recusa que já assumiu esta semana em Bucareste de flexibilização do programa de ajuda à luz do reconhecimento por parte do FMI de que subestimou largamente o impacto da austeridade sobre a economia.

"Toda a gente sabe que os países que estão sob assistência financeira ou que estejam sob maior pressão dos mercados não têm a mesma liberdade que os outros" para relaxar o esforço de ajustamento, afirmou, considerando que "não há razão" para "alimentar qualquer polémica" sobre os novos cálculos do FMI sobre os chamados "multiplicadores", que permitem calcular o efeito de um indicador sobre os outros (neste caso a austeridade sobre o crescimento económico).

Tanto mais que "em Portugal não estamos a funcionar com multiplicadores abstractos", mas com "um programa em concreto e com uma monitorização que ocorre a cada três meses", justificou. Além disso, prosseguiu, "essa observação já teve consequências no que respeita ao caso concreto de Portugal", nomeadamente através da concessão de um ano adicional ao país para corrigir o défice orçamental para menos de 3% do PIB. Em consequência, "é uma falsa questão aquela que tem sido suscitada nos últimos tempos", afirmou.

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