quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Passos ameaça Portas: “Se o governo cair, o senhor será responsável por um segundo resgate” | iOnline

Passos ameaça Portas: “Se o governo cair, o senhor será responsável por um segundo resgate” | iOnline

Conversa dura aconteceu segunda-feira, antes do Conselho de Ministros que aprovou o Orçamento de 2013 imposto por Vítor Gaspar.

Foi uma conversa a dois seca e muito dura. Passos Coelho disse a Paulo Portas na segunda- -feira que a proposta do Orçamento era definitiva e que qualquer objecção do CDS provocaria o fim do governo de coligação. Mais: apresentaria de ime- diato a demissão a Cavaco Silva e responsabilizaria Paulo Portas e o CDS pelo pedido de um segundo resgate de Portugal.
As relações entre Passos Coelho e Paulo Portas nunca foram óptimas. Antes pelo contrário. E foram arrefecendo com o tempo, a ponto de o líder do CDS se queixar de não ser ouvido em matérias fundamentais pelo primeiro-ministro, que sempre privilegiou um círculo onde estão os inevitáveis Braga de Macedo e António Borges. Mas desde 7 de Setembro, altura em que Passos Coelho anunciou as alterações à TSU sabendo que Paulo Portas estava contra, a tensão entre os dois líderes da coligação atingiu limites próximos da ruptura. A discussão do Orçamento do Estado para 2013, com as longas maratonas em Conselhos de Ministros extraordinários, não veio ajudar em nada o mau ambiente que se vive não só entre Passos e Portas, mas também com outros ministros independentes e do PSD. No primeiro caso estão Paulo Macedo, da Saúde, e Álvaro Santos Pereira, da Economia, que chegou a propor a redução para 12,5% da taxa de IRC, e no segundo Paula Teixeira da Cruz, da Justiça, muito crítica da proposta de Vítor Gaspar. E todos os ministros, com excepção de Passos e Gaspar, se sentiram verdadeiramente humilhados quando chegaram ao Conselho de Ministros de segunda-feira e ouviram Passos Coelho dizer que o Orçamento estava fechado e não havia espaço para quaisquer alterações. E isto porque, depois da maratona de 20 horas do Conselho de Ministros de 10 de Outubro, os ministros passaram os dias e o próprio fim-de--semana a preparar propostas de cortes nas despesas dos respectivos ministérios de modo a ser viável um alívio na brutal carga fiscal imposta por Gaspar.
E foi antes dessa humilhante reunião do Conselho de Ministros de segunda-feira, que decorreu num ambiente de alta tensão e com os ministros em silêncio absoluto, que Passos Coelho falou com Paulo Portas de uma forma que algumas fontes próximas do líder do CDS classificam de pura chantagem política. Basicamente, o primeiro-ministro disse ao seu ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros que estava disposto a romper a coligação e a apresentar a demissão ao Presidente da República caso o CDS levantasse a mínima objecção ao Orçamento avançado por Vítor Gaspar. Para tornar ainda mais clara a sua posição, Passos Coelho avisou Paulo Portas de que o PSD iria responsabilizar o CDS pelo pedido de um segundo resgate a Portugal.
Com esta tomada de posição, a ruptura política e pessoal entre os dois responsáveis pela coligação é já um facto consumado e pode vir a provocar o fim do governo mais cedo do que se imagina. Até porque a situação no interior do CDS começa a ser explosiva e a influência que Paulo Portas exerce sobre os principais dirigentes centristas pode não ser suficiente para impedir a revolta do partido do Largo do Caldas.
Agora que o Orçamento começa a ser discutido no parlamento, será muito difícil Paulo Portas impedir a apresentação de propostas de alteração pelos deputados centristas, que ficaram mais uma vez revoltados com o tom irónico e arrogante de Vítor Gaspar na reunião de ontem com os grupos parlamentares da coligação, particularmente quando afirmou que todas as propostas teriam de ser sujeitas à aprovação da troika. A.R.F.

Nenhum comentário:

Postar um comentário