quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Ex-líder do Leiria suspeito de burla superior a um milhão de euros | iOnline

Ex-líder do Leiria suspeito de burla superior a um milhão de euros | iOnline

PJ de Leiria tem suspeitas de que Bartolomeu terá usado letras bancárias falsificadas para financiar a Materlis, a sua empresa de madeiras.

João Bartolomeu, ex-presidente da SAD da União de Leiria, é suspeito de burla qualificada num montante superior a um milhão de euros. De acordo com informações recolhidas pelo i, a Polícia Judiciária (PJ) de Leiria tem fortes suspeitas de que a Materlis, a empresa de madeiras de que é administrador, terá apresentado letras bancárias fraudulentas, já que pelo menos as assinaturas terão sido falsificadas.
A PJ suspeita que João Bartolomeu terá usado letras bancárias em nome de alegados clientes da empresa de madeiras localizada na zona industrial dos Pousos, Leiria, para assim conseguir crédito junto da banca e alegadamente financiar a empresa, actualmente em situação de insolvência. Os valores das letras terão sido descontados, mas ainda não há certezas sobre o destino dado a esses montantes.
Uma letra é uma ordem de pagamento dada por uma pessoa (aceitante) a outra (credor ou sacador), para que esta pague determinada quantia a uma terceira pessoa (o beneficiário). O desconto bancário de letras é um instrumento frequente de financiamento das empresas: neste caso, o sacador da letra recebe a quantia antecipadamente de uma instituição bancária.
A investigação terá começado depois de surgirem queixas da banca e de alegados aceitantes (os alegados devedores do montante da letra), que se queixaram de não ter assinado qualquer documento bancário por uma dívida à Materlis. Não se sabe ao certo quantas pessoas terão sido lesadas, mas, ao que o i apurou, nalguns casos, chegada a data de fazer cumprir a obrigação, o banco terá encontrado contas sem provisão. E também não terá conseguido reaver o dinheiro junto da Materlis (o credor da letra), devido à situação económica da empresa.
João Bartolomeu foi detido na segunda-feira de manhã, depois de a PJ de Leiria ter feito buscas à empresa de madeiras e na sua casa. Ouvido ontem em primeiro interrogatório judicial, até à hora de fecho da edição não eram ainda conhecidas as medidas de coacção.
Ao que o i averiguou, a investigação não estará relacionada com a vida desportiva do empresário, mas apenas com a empresa Materlis. As buscas visaram apreender documentação sobre a actividade da empresa, os seus clientes e letras bancárias. A empresa fundada em 1977 foi declarada insolvente em Março pelo Tribunal Judicial de Leiria. Nessa data, o tribunal deu 30 dias para João Bartolomeu apresentar um plano de recuperação da empresa. Tinha um passivo de 20 milhões de euros: só 10 milhões diziam respeito a dívidas à banca, outros 7 milhões respeitavam a dívidas a fornecedores.
No pedido de insolvência da União de Leiria SAD, 107 credores reclamam o pagamento de uma dívida que ascenderá aos 13,5 milhões de euros. O Estado é o maior credor, mas logo a seguir está João Bartolomeu, que pede a devolução de 300 mil euros emprestados a título pessoal e reclama, através da Materlis e da B-Investimentos, de que também é titular, 1,4 milhões de euros e 1,3 milhões de euros, respectivamente.

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