quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Entrada do Estado no capital do Banif pode afastar novos accionistas | iOnline

Entrada do Estado no capital do Banif pode afastar novos accionistas | iOnline

Jorge Tomé, presidente da instituição, acredita que o Tesouro vai entrar no capital sem a maioria do poder de voto no banco.

O prazo para a conclusão das negociações do Banif com o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças voltou a derrapar. O plano de recapitalização do banco, que deveria ter sido conhecido ontem, ainda não está totalmente fechado. No entanto, o presidente da instituição revela que o Estado deverá entrar no banco sem a maioria do poder de voto.
Jorge Tomé está nos Estados Unidos, no âmbito do Dia de Portugal na bolsa de Nova Iorque, onde aproveita para tentar captar novos investidores para o aumento de capital que se aproxima.
Questionado sobre se os investidores com quem falou se mostraram preocupados como o facto de o Estado tornar-se accionista do banco, Jorge Tomé disse apenas que “podia fazer diferença se o Estado tivesse a maioria do poder de voto, o que em princípio não vai acontecer”, cita a Lusa.
Assim, o âmbito da intervenção estatal na solução de recapitalização do banco vai influenciar o grau de interesse de novos accionistas e poderá até mesmo retrair a participação de investidores se o Estado ficar com mais de metade dos direitos de voto.
Jorge Tomé reuniu-se com fundos de investimento em Nova Iorque, confirmando que o objectivo é atrair interessados em participar no aumento de capital de 800 milhões de euros, um montante 300 milhões de euros acima do valor inicialmente estimado. Esta operação servirá para o banco cumprir o “rácio core tier 1” (o indicador mais eficaz para avaliar a solvabilidade de uma instituição) de, pelo menos, 10%, de acordo com as exigências dos reguladores.
Os maiores bancos portugueses foram chamados a apoiar o esforço de recapitalização do Banif, mas só o BES aceitou o compromisso de tomada firme na tranche de aumento de capital reservada a accionistas. Em Nova Iorque, Jorge Tomé referiu que no aumento de capital “pode haver bancos a tomarem firme a operação sem entrar no capital” do Banif, afirmando, no entanto, que não deverão ser internacionais. Não adiantou, no entanto, sobre se esse papel poderá caber ao BES. “Neste momento não posso dizer nada sobre isso.”
A intervenção do Estado deverá ocorrer em moldes distintos do apoio público à CGD, BCP e BPI. No banco estatal, o Tesouro subscreveu 900 milhões de euros em obrigações de capital contingente (designadas CoCos) e injectou 750 milhões de euros em acções. Nos bancos privados, o apoio estatal realizou-se ao abrigo do programa de 12 mil milhões de euros da troika destinado à banca. O BCP recebeu três mil milhões, através da subscrição dos CoCos, e o BPI pediu 1500 milhões de euros do Estado, tendo já devolvido 200 milhões de euros.
Se a entrada do Estado no capital do Banif ocorrer através da emissão de acções preferenciais, o Estado vai querer ter direito de voto nos destinos do banco, exactamente na mesma proporção da posição accionista que vier a assumir no capital.
Até Junho, o Banif contabilizou prejuízos de 124,6 milhões face ao lucro de 8,5 milhões em igual período de 2011.

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