quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Carlos Costa: Economia nacional está "no bom caminho" - Dinheiro Vivo

Carlos Costa: Economia nacional está "no bom caminho" - Dinheiro Vivo

O governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, disse hoje que a economia portuguesa está no bom caminho e destacou a capitalização e transparência dos bancos portugueses, num fórum financeiro realizado em Macau. "Estamos no bom caminho. As sucessivas avaliações do Programa de Assistência Financeira efetuadas pela União Europeia e pelo FMI revelam que este tem sido globalmente cumprido", disse o governador do BdP, num fórum organizado pela Autoridade Monetária de Macau.
Para o governador do BdP, "o esforço de ajustamento da economia portuguesa tem sido muito considerável, mas os frutos começam a aparecer sob a forma de uma acentuada correção das contas externas e da melhoria progressiva das condições de financiamento do tesouro português".
Numa iniciativa subordinada ao reforço das relações entre a China e os países de língua portuguesa, e baseada no papel de Macau como plataforma, Carlos Costa centrou a sua intervenção no sistema financeiro português e no papel da instituição que dirige: "Temos agora bancos mais capitalizados, mais transparentes e menos alavancados do que há um ano. O acompanhamento e a supervisão do sistema bancário foram significativamente reforçados e o quadro regulamentar é agora muito mais robusto", afirmou.
Dirigindo-se a uma plateia composta pelos governadores dos bancos centrais de Moçambique e de Cabo Verde, além de representantes de Timor-Leste, dirigentes dos serviços financeiros de Xangai e Guangdong e responsáveis de Macau, o banqueiro central português observou a persistência de desafios no plano mundial, europeu e nacional.
No plano mundial disse ser "crucial intensificar e acelerar os esforços para aumentar a resiliência do sistema financeiro", observando que "o modelo de negócio que prevaleceu antes da crise deixou de ser viável".
Já no plano europeu, indicou que "o reforço dos mecanismos de disciplina orçamental e a criação do mecanismo europeu de estabilidade são decisões importantes que visam aprofundar e tornar mais robusta a união económica e monetária", mas que "são necessários passos adicionais".
"No imediato, importa quebrar de forma credível e efetiva a interação negativa entre o financiamento dos soberanos e do sistema bancário", afirmou, indicando que "esta mútua dependência no quadro da área do euro se transformou num ciclo vicioso".
Nesse sentido, defendeu que "há que completar a união monetária com uma união bancária, que contemple uma autoridade europeia e um processo integrado de supervisão, bem como mecanismos partilhados de garantia de depósitos, de resolução e de capitalização dos bancos".
No plano nacional destacou "a importância de reforçar a transparência e a governação das instituições, um aspeto absolutamente prioritário para o Banco de Portugal", frisando que "não há minimização de risco se não houver transparência da qualidade de governação" e que "não é possível que os órgãos de governo de uma instituição trabalhem com insuficiência de informação".
"Os bancos portugueses enfrentam o importante desafio de criar as condições de melhoria estrutural dos seus níveis de eficiência no novo paradigma caracterizado por menores rácios de transformação e margens financeiras mais estreitas", acrescentou.
Para Carlos Costa, a resposta a estes desafios passa por "uma melhor utilização de recursos visando alcançar uma redução estrutural dos custos", pela "procura de soluções que permitam reduzir o peso do crédito hipotecário barato no balanço dos bancos e libertar liquidez para nova atividade" e "procura de investidores estratégicos que disponham de capital e de acesso a financiamento de mercado".
"E neste ponto eu diria que as grandes oportunidades para participar nas estruturas acionistas dos bancos portugueses estão neste momento aí. Porquê? Porque o preço de subscrição é significativamente inferior ao preço do mercado", concluiu.

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