Os Ministros da Defesa
e das Finanças assinaram ontem um despacho que aceita o pedido de
demissão de Francisco van Zeller do cargo de presidente da Comissão de
Acompanhamento do processo de reprivatização dos Estaleiros de Viana do
Castelo (ENVC), segundo a "TSF".
Em causa estará uma entrevista de Van Zeller,
terça-feira, À Antena 1, na qual fez algumas declarações polémicas como,
por exemplo, que um dos entraves aos estaleiros é uma mão-de-obra
"muito desatualizada e habituada a maus hábitos" e outro a existência de
"um sindicato comunista violento".
"Tem um passivo gigante e tem um passivo pior do que
tudo: uma mão de obra muito antiga, muito desatualizada, muito habituada
a muitos maus hábitos, portanto, vai demorar muito tempo a pôr aquilo
direito", afirmou.
"Se conseguirem resolver o passivo, que é enormíssimo,
e conseguirem resolver os problemas dos recursos humanos, que também
são enormíssimos, sobretudo tem lá dentro, enquistado, um sindicato
comunista muito violento... Têm de resolver isso primeiro, ao resolver
isso os estaleiros em si são muito bons", acrescentou Van Zeller.
PCP e trabalhadores tinham pedido a demissão de Van Zeller
No dia seguinte, quarta-feira, no Parlamento, o PCP
questionava o Governo sobre se o ministro da Defesa Aguiar Branco,
depois das declarações feitas à rádio, mantinha a confiança no
presidente da Comissão de Acompanhamento do processo de reprivatização
dos ENVC e pediu a demissão de Francisco Van Zeller.
O engenheiro químico e empresário terá pedido nessa
quarta-feira, ainda segundo a TSF, a demissão do cargo, para o qual fora
nomeado no dia 12. O Expresso tentou contatar Van Zeller mas não obteve
qualquer resposta.
A Comissão de Trabalhadores dos Estaleiros Navais de
Viana também já tinha considerado as afirmações "inaceitáveis" e
solicitado a demissão de Francisco van Zeller, que foi presidente da CIP
entre 2012 e 2010.
Em declarações hoje à "Antena1", o líder da Comissão de
Trabalhadores dos Estaleiros, António Costa, disse que a demissão "é
uma oportunidade para parar o processo de privatização depois de uma
saída que considerou inevitável".
Francisco van Zeller afirmara, na mesma entrevista, que
o vencedor do concurso da privatização seria decidido antes do fim do
ano. "Logo a seguir, têm de fazer todos os trâmites para eles poderem
tomar posse e começar a trabalhar", frisara.
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