sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Crise nas farmácias. Indústria diz que não é possível concertar prazos de pagamento | iOnline

Crise nas farmácias. Indústria diz que não é possível concertar prazos de pagamento | iOnline

A Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) disse hoje que a lei não permite tomar a posição colectiva de alargar os prazos de pagamento, a exigência da Associação Nacional das Farmácias que está a gerar o caos no sector. Como i noticia hoje, a ANF decidiu unilateralmente adiar a transferência de crédito para as farmácias, como forma de pressionar toda a cadeia de fornecimento de remédios a aceitar prazos de pagamento maiores, semelhantes aos que a indústria pratica com o Estado, para reduzir a necessidade do sector se financiar na banca.
Em comunicado, a Apifarma sustenta que “face à Lei da Concorrência, os prazos de pagamento entre os vários agentes económicos não podem ser concertados.” Quer isto dizer que a negociação terá de acontecer entre farmácias e os seus fornecedores (grossistas), e entre estes e os laboratórios aos quais compram os medicamentos Actualmente os laboratórios cobram as facturas aos armazéns em prazos que variam entre os 30 e os 60 dias. Consoante as relações que têm com os laboratórios, os armazenistas impõe às farmácias o mesmo calendário. A decisão da ANF, comunicada num oficio a que o i teve acesso, faz com que a partir de Novembro as farmácias só consigam fazer pagamentos a 40 dias, o que significa que se não houver acordos favoráveis até lá torna-se impossível liquidarem facturas e continuarem a fazer encomendas.
Como tudo isto depende das relações comerciais estabelecidas entre cada agente, as diferentes negociações e eventuais dilatações de prazos terão de ser feitas em tempo  recorde para não faltarem remédios no mercado, isto se a ANF mantiver a sua decisão. Esta semana as farmácias recebem o crédito das comparticipações do mês de Setembro mas depois desta tranche só voltarão a ter verbas para pagar a armazenistas em Dezembro, depois de vencerem os prazos de pagamento actualmente em vigor. No pior dos cenários, a maioria das farmácias ficará com fornecimentos suspensos. Recorde-se que segundo dados da ANF actualmente já existem 1131 farmácias com fornecimentos suspensos em pelo menos um armazém.
No comunicado, a Apifarma “lamenta profundamente que se tomem decisões que dificultam o acesso dos doentes portugueses aos seus medicamentos” e acrescenta que a “decisão agora comunicada às farmácias por uma das suas associações não representa uma solução para os doentes, pelo contrário.”
A associação sublinha que as empresas farmacêuticas “têm vindo a suportar com dificuldade o contínuo aumento da dívida dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, por medicamentos e meios de diagnóstico já consumidos, que atingiram em Agosto os 1.220 milhões de euros, com um prazo de pagamento de 474 dias, muito superior a um ano.”
A decisão da ANF está a ser contestada pelos farmacêuticos, que dizem não ter sido informados na última reunião magna do sector (no último sábado) de que havia intenções de alterar as condições de créditos. As farmácias dão à ANF 1,5% da sua facturação para ter direito a esta antecipação de verbas.
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