terça-feira, 27 de novembro de 2012

Quatro em dez trabalhadores têm problemas de saúde crónicos | iOnline

Quatro em dez trabalhadores têm problemas de saúde crónicos | iOnline

Novos dados do INE mostram que muitos portugueses que precisam de apoio especial acabam no desemprego.

Quase quatro em cada dez portugueses empregados (37%) tem pelo menos um problema de saúde crónico. Os dados para o desemprego são igualmente impressionantes, já que, há um ano, 40% dos desempregados no país tinham uma doença prolongada: eram 273 mil num universo de 675 mil desempregados. Os novos dados surgem nas últimas Estatísticas do Emprego do INE. As conclusões sugerem que a doença ainda é uma desvantagem importante quando está em causa encontrar emprego.
Os dados foram recolhidos pelo INE no segundo trimestre de 2011. É a segunda vez que há informação detalhada sobre os problemas de saúde mais prevalecentes entre os portugueses em idade activa assim como a sua situação laboral. Os únicos dados comparáveis são de 2002, tendo sido publicados pelo INE em 2009.
Segundo os novos dados, 40,5% dos portugueses em idade activa – mais de 2,8 milhões de portugueses – tem pelo menos um problema de saúde prolongado ou doença crónica. Para se perceber a escalada, em 2002 a percentagem rondava os 20%. Em 2011, 1,7 milhões estavam empregados e 273 mil desempregados. Em 2002, eram 767 mil e 51 mil, respectivamente. Já o número de inactivos – incapacidades permanentemente, reformados ou a estudar – passou de 523 mil em 2002 para 893 mil no ano passado.
Tendo em conta apenas a população empregada, o INE aponta desigualdades entre profissões: mais de metade dos trabalhadores da agricultura, da pesca e da floresta (57,7%) indicam ter pelo menos um problema de saúde. A menor proporção de trabalhadores com problemas crónicos surge entre os quadros superiores, especialistas de actividades intelectuais, científicas e técnicos e administrativos, com uma percentagem de doentes de 31,4%.
Além dos problemas crónicos, o novo estudo do INE apurou dados sobre dificuldade na realização de actividades básicas, por exemplo ver mal apesar de usar óculos. Este tipo de dificuldade aumenta o total de portugueses com algum problema de saúde para 2,9 milhões num universo de 7 milhões de pessoas em idade para trabalhar (dados de 2011).
É sobre esta base que há dados sobre potenciais necessidades especiais perante o trabalho e pistas sobre a capacidade de integração do mercado laboral português.
Entre as pessoas com algum tipo de problema de saúde que estão a trabalhar, a percentagem de indivíduos com limitações – que poderiam motivar um posto especial de trabalho – é inferior à verificada entre desempregados, o que sugere dificuldades no acesso ao mercado de trabalho entre quem é considerado apto para trabalhar mas tem necessidades especiais. Alguns exemplos: entre a população empregada com problemas de saúde, 19,3% tem limitações no número de horas semanais que pode trabalhar. Entre os desempregados, a prevalência destes casos supera os 25%. Entre os empregados, são 26,5% os que têm limitações no trabalho que podem desempenhar. Entre os desempregados são mais de 32%. No total de pessoas com problemas, 16,2% precisariam de uma modalidade especial de trabalho. Apenas 4,2% beneficiam deste regime.
Quando se observa a gravidade dos problemas de saúde, mais diferenças: a proporção de desempregados de longa duração no total de desempregados é de 52%, mas nas pessoas com problemas moderadamente graves ou graves é de 68%. Nos problemas muito graves sobe para 70%. “Os efeitos da gravidade fazem-se sentir ao nível da capacidade da pessoa de ser economicamente activa e, quanto é activa, ao nível da capacidade de encontrar um emprego”, conclui o INE, que apurou também diferenças entre sexo: o impacto na capacidade para trabalhar é maior entre os homens. Já na procura de emprego a doença é uma desvantagem maior para as mulheres.

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