quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

FMI: Sacrifícios impostos pela 'troika' não serão 'em vão' - Economia - Sol

FMI: Sacrifícios impostos pela 'troika' não serão 'em vão' - Economia - Sol

A crise financeira portuguesa resultou em parte de uma "política orçamental completamente indisciplinada", e os sacrifícios resultantes do programa da ‘troika’ “não serão em vão”, disse hoje o chefe de missão do FMI para Portugal.
Numa palestra na sede da Ordem dos Economistas, em Lisboa, Abebe Aemro Selassie disse que a crise foi consequência da "incapacidade de Portugal de se adaptar às tendências económicas globais", como a globalização e a entrada da China nos mercados globais, a revolução das tecnologias digitais, a criação do euro e crise financeira global.
No entanto, "os problemas dos países da periferia não são todos iguais", e cada país cometeu os seus erros: "Um factor distintivo de Portugal era a elevada alavancagem [endividamento] do sector privado, algo que foi alimentado por mercados internacionais e bancos domésticos complacentes.”
A falta de visão e as políticas orçamentais “indisciplinadas” levaram ao pedido de ajuda à ‘troika’. Selassie reconhece que os portugueses “fizeram sacrifícios consideráveis até agora, evidentemente”, mas assegura que Portugal fez “grandes progressos".
O economista etíope apontou para a redução do défice externo, “acima das expectativas”, como exemplo desses progressos: "Reconhecemos que há um grande aumento do desemprego, que duplicou. Há uma grande pressão sobre as famílias. Mas o esforço não foi em vão."
O esforço ainda não acabou, frisou contudo Selassie. “Um terço” do programa ainda está por concretizar: "Ainda falta muito trabalho", e subsistem riscos à execução do programa da 'troika' – tanto externos como internos, nomeadamente a perda do “consenso político e social”.
Selassie adverte ainda que este trabalho não se esgota no programa da ‘troika’. “Há uma grande recompensa em continuar com as reformas estruturais para o crescimento económico, por isso é muito importante que as reformas continuem para além do horizonte temporal do programa", afirmou.
O chefe de missão do FMI também sugeriu, como o ministro das Finanças Vítor Gaspar, que os portugueses discutam as funções sociais do Estado.
"Se quiserem ter um grande estado providência em Portugal, tudo bem, mas têm de saber como pagar por ele", disse Selassie durante uma palestra na Ordem dos Economistas. "É possível ter um Estado baseado no modelo escandinavo, mas para isso é necessário um sector exportador muito dinâmico. Esse é um debate necessário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário