segunda-feira, 24 de junho de 2013

No império dos depósitos a prazo - Análises Deco - Jornal de Negócios

No império dos depósitos a prazo - Análises Deco - Jornal de Negócios

Quase dois terços dos portugueses têm contas a prazo. O estudo da PROTESTE INVESTE comparou quatro países europeus e os lusos são os mais conservadores, o que afeta negativamente a sua acumulação de riqueza.
Não surpreende descobrir que os portugueses são aforradores conservadores. No mais recente inquérito da PROTESTE INVESTE, 64% dos portugueses afirmaram ter dinheiro aplicado em depósitos a prazo. No universo do estudo, que incluiu a Bélgica, a Espanha e a Itália, apenas uma percentagem superior de belgas disse ter depósitos (73,2%). Porém, os belgas, como revela o quadro da página ao lado, investem bastante mais em ativos de maior risco, como ações, obrigações, fundos de investimento e produtos estruturados.

Em Portugal, além dos depósitos a prazo, os veículos de investimento favoritos são os fundos de pensões (o que inclui planos de poupança-reforma) e os Certificados de Aforro. As estatísticas oficiais corroboram esta apetência: no início de 2013, os depósitos a prazo abarcavam 102,1 mil milhões de euros, os fundos de pensões reuniam 14,4 mil milhões de euros e os Certificados de Aforro 9,7 mil milhões de euros, segundo o Banco de Portugal, o Instituto de Seguros de Portugal e a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública. 

Aversão ao risco impera 

O perfil conservador dos portugueses é bem notório quando dois terços dos inquiridos afirma que não está disposto a correr qualquer risco com o seu capital, uma proporção superior à dos belgas (52%) espanhóis (50%) e italianos (41%). Além disso, apenas 6% dos lusos aceitam um risco baixo no capital investido (perda máxima de 10%).

Na maior parte dos casos, a postura dos investidores nacionais não é a que permite o melhor rendimento. Embora resultados passados não forneçam garantias quanto ao futuro, os ativos de maior risco têm gerado rendimentos históricos mais elevados no longo prazo.

Como pode testemunhar na figura em baixo, a rentabilidade real (depois de descontada a inflação) do investimento em ações mundiais foi de 5% por ano desde 1900, bem acima dos 1,8% das obrigações e dos 0,9% de produtos de dívida de curto prazo. Estes números comprovam o que a teoria económica defende há muito tempo: para ganhar mais, é preciso arriscar mais.

Ideias para o seu dinheiro

A diferença entre ganhar 5% ou 0,9% é crucial no longo prazo. Um euro aplicado diariamente numa aplicação que renda 5% por ano (como renderam as ações nos últimos 113 anos) acumula 12 224 euros em 20 anos, por exemplo. Um investimento que dê 0,9% por ano (como as aplicações de baixo risco desde 1900), acumula 7888 euros no mesmo período. A confirmarem-se estas rentabilidades históricas no futuro, arriscar gera mais 55% de poupança em 2 décadas.

Antes de começar a arriscar um pouco mais as suas poupanças, há algumas regras que deve seguir. A primeira é que deve ter um pé-de-meia para enfrentar imprevistos.

Deve ter o equivalente a cerca de seis meses de gastos do agregado familiar. Como o objetivo é conservar esta poupança, os produtos de baixo risco, como os depósitos a prazo e os Certificados de Aforro, são os instrumentos ideais para parquear esse pé-de-meia.

As outras duas regras são também simples: sempre que possa, invista para o longo prazo e procure diversificar os seus investimentos. Para o ajudar a diversificar os investimentos e a aplicar bem o seu dinheiro, pode contar com a nossa ajuda. A nossa carteira neutra de fundos, que pode conhecer na página 21, alcançou uma rentabilidade média anual de 6,4% na última década, bem acima da inflação de 2,3% por ano nesse intervalo temporal.

Portugueses investem pouco

Além da aversão ao risco, outra conclusão que se retira do inquérito é que os portugueses investem pouco. Apenas 47% fizeram pelo menos um investimento (incluindo a aplicação em depósitos) nos últimos 5 anos. Entre os subscritores da PROTESTE INVESTE, a percentagem sobe para 68%, mas, ainda assim, é inferior à dos outros 3 países, onde pelo menos 80% dos respetivos subscritores das publicações financeiras homólogas realizaram investimentos nos últimos 5 anos.

A principal razão para esta menor apetência por investimentos tem a ver com a falta de dinheiro para investir (resposta de 87% dos inquiridos nacionais), a que certamente não será alheia a má conjuntura económica nacional dos últimos anos. Aliás, apenas 9% dos portugueses dizem ter uma situação financeira confortável ou muito confortável (contra 48% na Bélgica e 16% em Espanha) e 40% consideram mesmo difícil, muito difícil ou problemática a sua realidade a nível financeiro. Além disso, os portugueses têm menos dinheiro disponível para investir: dos que investem, 61% têm aplicados menos de 25 mil euros, contra 48% em Espanha, 34% em Itália e 35% na Bélgica.
Ficha técnica
O inquérito aos investidores, realizado pela DECO PROTESTE em conjunto com as organizações nossas congéneres da Bélgica, de Espanha e de Itália, reuniu 8055 respostas, das quais 1533 de Portugal. A idade média dos inquiridos é de 54 anos e 53% são homens. O questionário foi enviado em Março de 2012.




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