segunda-feira, 24 de junho de 2013

FMI de saída da troika. Veja como se está a preparar o divórcio iminente | iOnline

FMI de saída da troika. Veja como se está a preparar o divórcio iminente | iOnline

O falhanço dos programas de ajustamento em Portugal, Grécia e Irlanda e os últimos "mimos" trocados entre o FMI e a Comissão Europeia estão à beira de criar um divórcio entre o grupo que desenhou a solução para a crise do euro

A saída do FMI da troika parece ser cada vez mais inevitável. Depois das inúmeras divergências ao longo dos últimos meses entre as instituições europeias (Comissão e BCE) e aquela organização internacional, o divórcio estará praticamente consumado, segundo avançou ontem o diário espanhol "El País", com base em fontes comunitárias e académicas.
"Independentemente das razões", disse o economista Pedro Adão e Silva ao i, "há cada vez mais pressão por parte dos países em desenvolvimento, que são os maiores contribuintes líquidos do Fundo, para deixar de afectar recursos aos países desenvolvidos".
Paulo Rangel, eurodeputado do PSD, considera que "não há qualquer drama nisso. O FMI foi convidado a participar na troika porque tinha experiência internacional em resgates, mas mais sob o ponto de vista da dívida externa e do equilíbrio da balança comercial e nunca numa situação de moeda única". O eurodeputado acrescenta que, "ao contrário da imagem passada pelas cúpulas, como Christine Lagarde, os técnicos eram continuamente mais exigentes do que os da Comissão e do BCE quando avaliavam os países sob resgate, o que causava muita fricção".
Uma falta de dramatismo partilhado pelo economista Eugénio Rosa, para quem a saída do Fundo Monetário Internacional não vai mudar em nada a orientação que tem sido seguida para resolver a crise, "embora o FMI tenha sido o único a admitir erros, como o cálculo do replicador da recessão, que afinal não era de 0,5 mas 1,7, tendo na prática sido escolhido o valor de 0,9".
O ex-ministro das Finanças, Eduardo Catroga, considera que "a saída se deve ao facto do FMI não ter a certeza de receber o capital que investiu, nomeadamente na Grécia. E em Portugal está resvés Campo de Ourique. A vinda foi contranatura, e só aconteceu porque a Europa não tinha mecanismos para responder a crises de liquidez".
Pedro Adão e Silva acrescenta que teme que com a saída do FMI da troika, o Banco Central Europeu assuma um papel reforçado na política orçamental da zona euro, sem mecanismos de controlo político e democrático, dando-lhe um estatuto de monarca absoluto. "A Comissão e o Conselho vão perder poder para o BCE", considera, acrescentando que "vai acontecer o que já sucede em Portugal, "onde o ministro das Finanças que é de facto o primeiro-ministro, é funcionário do Banco Central Europeu".
O "El País" refere os últimos episódios da crise do Euro (terceiro resgate à Grécia e a situação em Chipre) como a gota de água num casamento que já estava à beira do fim. Desde o primeiro dia, segundo as fontes citadas pelo mesmo jornal, que houve um ruído ensurdecedor na troika. O BCE esteve sempre semiausente, mas obcecado com o não deixar cair a moeda única, evitando implicar-se a fundo na resolução da crises das dívidas soberanas. No pólo oposto, o FMI fez um mea culparelativamente à Grécia, afirmando que o ajuste assentou em projecções irreais, sem se fazer o imprescindível: reestruturar a dívida. Mas não se ficou por aqui, acrescentando que era impossível lidar com uma miríade de primeiros-ministros, ministros das Finanças, comissários, funcionários do Eurogrupo e falcões do BCE. A resposta da Comissão fez o resto. O comissário Olli rehn acusou o FMI de "lavar as mãos", depois de recordar que a instituição participou em todas as decisões". 

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