quinta-feira, 27 de junho de 2013

Alemanha em fúria com vasto programa de espionagem britânico | iOnline

Alemanha em fúria com vasto programa de espionagem britânico | iOnline

Gabinete de Merkel tenta limitar a extensão da crise entre Berlime Londres e não prevê levar o assunto à cimeira europeia

As ondas de choque das denúncias de espionagem de Edward Snowden continuam a sentir-se internacionalmente. Agora foi a descoberta de um vasto programa de espionagem sobre cidadãos alemães pelos serviços secretos do Reino Unido.
A ministra da justiça alemã escreveu a dois ministros britânicos a pedir explicações sobre o programa de espionagem que visou em larga escala cidadãos alemães, de acordo com denúncias do ex-agente americano.
Apesar do visível mal-estar diplomático, o porta-voz da chanceler Merkel, Steffen Seibert, negou a existência de uma crise diplomática entre Berlim e Londres e disse não estar à espera que o assunto seja levado à cimeira da UE este fim-de-semana.
No entanto, a Comissão Europeia já exigiu a Londres respostas "urgentes", o mais tardar até ao final da semana, sobre o programa de intercepção de comunicações dos serviços secretos. A informação foi avançada pela comissária europeia da Justiça, Viviane Reding.
Baseado em informações reveladas pelo ex-funcionário dos serviços secretos americanos em fuga, o "The Guardian" revelou que o centro de comunicações governamentais britânicas registou chamadas telefónicas internacionais e tráfico da internet numa vasta escala, no âmbito do programa de espionagem Tempora.
A revelação levou a ministra Sabine Schnarrenberger a escrever aos ministros da Justiça e do Interior britânicos exigindo esclarecimentos sobre a legalidade do programa Tempora.
"Como se deve compreender, este assunto causou enorme preocupação na Alemanha", escreveu a ministra numa carta a que a Reuters teve acesso. "Foram levantadas questões sobre a extensão da espionagem a que os cidadãos alemães estiveram expostos."
Os alemães são particularmente sensíveis à espionagem, por terem vivido sob a acção repressiva da Stasi, a polícia secreta na Alemanha Oriental, e pelas memórias que guardam da Gestapo durante o regime nazi.
O ministro britânico da Justiça disse que responderá à carta "em devido tempo". Já o Ministério do Interior não quis "comentar correspondência privada".
Seibert tentou ontem minimizar o caso, afirmando que o seu governo "está em contacto com o britânico no caminho valioso de uma cooperação que certamente vai prosseguir".
O lado britânico replicou no mesmo tom, afirmando que Londres "tem uma relação excelente com o governo alemão. Somos claros para todos [...] quando dizemos que as nossas agências trabalham no âmbito de regras estritas e legais".
As críticas mais duras na Alemanha vieram dos Democratas Livres (FDP), parceiros de coligação de Merkel, partido da ministra da Justiça.
"Nós e os britânicos somos amigos. E isto não é comportamento de amigos", disse o líder do FDP, Rainer Bruederle, sublinhando que a Alemanha não aceita que a privacidade dos seus cidadãos seja devassada.
O escândalo denunciado por Snowden causou indignação em todo o mundo e parece não ter um fim à vista. Snowden continua retido numa sala de trânsito do aeroporto de Moscovo, aguardando viagem para o Equador, país a que pediu asilo político, e que já advertiu que a resposta pode levar semanas a ser dada.

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