sexta-feira, 5 de abril de 2013

Relvas demite-se mas não exclui ir para o parlamento | iOnline

Relvas demite-se mas não exclui ir para o parlamento | iOnline

Quase dois anos depois da tomada de posse do governo e sob forte contestação, Miguel Relvas é a primeira baixa do governo liderado por Passos Coelho, por não ter “condições anímicas” para continuar como ministro. Em causa estão “razões pessoais”, mas a decisão do ministro acontece numa altura em que o relatório da Inspecção-Geral de Educação considerou a sua licenciatura irregular (ver página 4). Em declarações ao i, Miguel Relvas não fecha a porta à vida política e sobre o seu regresso ao parlamento diz que: "ainda não decidi".
O momento da saída do ministro causou estranheza, uma vez que hoje é conhecida a decisão do Tribunal Constitucional (TC) sobre o Orçamento do Estado e a agenda política será dominada por essa discussão. Aliás, Passos Coelho pôs os ministros de prevenção, no sábado, para um Conselho de Ministros extraordinário em que, além da decisão do TC, vai estar em cima da mesa a reforma do próprio governo, de acordo com o “Jornal de Negócios” (ver ao lado). O substituto de Miguel Relvas ainda não é conhecido e só deverá ser apresentado depois do encontro do governo.
A escolha do timing foi feita pelo próprio e pelo primeiro- -ministro, com quem discutiu a saída há “várias semanas”. O i já tinha noticiado há uma semana e meia a possibilidade de Relvas deixar o governo.
Miguel Relvas diz que sai “por vontade própria”, por entender que já não tem “condições anímicas para continuar”. E tudo, disse ontem, numa declaração pouco comum de um ministro a cessar funções, porque tem “plena consciência do preço” que pagou ao longo dos anos, pelas “críticas” que ouviu e pelo “julgamento negativo” e pela “incompreensão” pelas suas “reais motivações”.
Tudo razões que não abalaram a confiança de Passos Coelho no ex-ministro, a quem, na hora da despedida, quis agradecer em comunicado “o seu valioso contributo para o cumprimento do programa de governo numa fase exigente para o país e para todos os portugueses”.
Relvas fabricou Passos Os agradecimentos entre Miguel Relvas e o primeiro-ministro foram mútuos. Na declaração à imprensa, o ex-governante lembrou que dedicou ao projecto político de Passos Coelho cinco anos. Aos dois enquanto ministro juntam-se “dois em que acreditei e lutei, no interior do meu partido, pela afirmação de um novo líder que encabeçasse um projecto de mudança para Portugal”, disse, a que acresce mais um ano em que “acreditei e lutei pela eleição de um novo primeiro-ministro”. E garantiu que vai “continuar a participar” neste projecto, em cuja validade continua a acreditar.
Passos e Relvas são amigos de longa data e a relação próxima entre os dois foi um dos motivos apontados para a sua não substituição há mais tempo, quando no ano passado foi confrontado com as polémicas da licenciatura e a sua relação com o ex-espião, recentemente reintegrado na Presidência do Conselho de Ministro, Silva Carvalho. Passos Coelho chegou até a dizer que o caso da licenciatura era “um não assunto”. Mas um ano depois, conhecido o relatório sobre a sua licenciatura, este terá sido um dos motivos que pesou na decisão de Miguel Relvas que perderá o título académico.
As crescentes polémicas em torno do ministro levaram várias personalidades, até dentro da área política da maioria, a pedir a sua substituição. Ontem, depois de conhecida a sua saída, Eduardo Catroga, o homem que negociou pelo PSD o orçamento de 2011 com José Sócrates, disse à TVI que “ele próprio já devia ter tomado esta iniciativa há bastante tempo”. Já o empresário Ângelo Correia, em declarações à RTP Informação, lembra que a saída de Relvas pode abrir a porta à remodelação uma vez que Passos terá querido dar-lhe palco, não o misturando com saídas, por exemplo do ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira.
Dentro da coligação de governo, Miguel Relvas já era contestado. Publicamente alguns dirigentes do CDS defenderam a sua substituição para reforçar a coordenação política do executivo e mesmo entre os dirigentes social--democratas houve quem defendesse que Relvas já devia ter descolado há mais tempo para não contagiar a imagem pública do primeiro-ministro.
Ontem, oficialmente, o líder parlamentar do CDS, Nuno Magalhães, disse respeitar a decisão e lembrou que em termos institucionais, de relação entre o ministro e o grupo parlamentar, foi “correcta e leal”. Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD, disse compreender a decisão e “mostrou apreço” pelo trabalho do ministro.
Nas reacções à sua saída, a oposição aproveitou para pedir a demissão do próprio primeiro- -ministro, do PCP ao PS. Com Eduardo Oliveira e Silva

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