terça-feira, 16 de abril de 2013

Mais de 50% dos 1033 milhões injectados nos veículos do BPN foram para pagar à Caixa | iOnline

Mais de 50% dos 1033 milhões injectados nos veículos do BPN foram para pagar à Caixa | iOnline

O empréstimo do Estado serviu também para pagar juros e antecipar a amortização de um empréstimo à Caixa Geral de Depósitos.


Mais de metade dos 1033 milhões de euros injectados nas sociedades que gerem os activos tóxicos do Banco Português de Negócios (BPN) em 2012 foi parar à Caixa Geral de Depósitos. Entre pagamento antecipado de empréstimos e juros, o banco do Estado recebeu 597 milhões de euros pelo papel que desempenhou no BPN nacionalizado.
O financiamento concedido às sociedades Parvalorem e Parups teve três destinos, de acordo com uma resposta do Ministério das Finanças a uma pergunta do Bloco de Esquerda. A amortização antecipada de dívida contraída por estas duas sociedades junto da Caixa mobilizou cerca de 400 milhões de euros. Este financiamento foi atribuído em 2010 no quadro da reestruturação do BPN que retirou os activos de pior qualidade do universo que veio a ser privatizado.
Outra das finalidades da operação foi dotar estas sociedades de capacidade financeira para pagaram os juros da dívida. No total foram canalizados para esse fim 197 milhões de euros, resultando o grosso desta dívida dos empréstimos obrigacionistas no montante de 3100 milhões de euros cuja subscrição foi assegurada pela Caixa, com aval do Estado. Estas emissões têm um prazo até dez anos e a sua remuneração seria assegurada, em tese, pelo retorno obtido com a gestão dos activos que foram deslocados para estas sociedades. Só que a taxa de recuperação destes activos tem sido insuficiente (ver texto do lado), o que obriga o Estado a financiar estas empresas para elas pagarem juros.
Para a Parvalorem foram transferidos os créditos de pior qualidade. Para a Parups passou o património imobiliário, algum do qual dado como garantia de créditos bancários. A Parvalorem recebeu 122 milhões de euros para pagar juros, enquanto para a Parups foram canalizados 75 milhões de euros o ano passado com o mesmo fim.
Dos empréstimos contraídos junto da Caixa foram amortizados antecipadamente 195,3 milhões de euros relativos à Parvalorem e 204,7 milhões de euros relativos à sociedade que detém os imóveis do ex-BPN. Ao contrário da maioria das injecções de liquidez da Caixa, estes financiamentos não beneficiavam de aval do Estado e tinham como garantia os activos reais das sociedades que ficaram a gerir o património do banco nacionalizado. Mas esta opção do anterior governo não era partilhada pela Caixa, que reivindicou o direito a ser totalmente protegida dos riscos de financiar o BPN.
435 MILHÕES ANTES DA VENDA AO BIC A maior parcela da injecção do ano passado visou financiar a compra de mais activos ao BPN antes da privatização. A operação foi uma das condições de venda do banco ao BIC Portugal e mobilizou um total de 435 milhões. Estes activos resultaram de uma selecção feita pelo comprador e a compra foi feita ao valor nominal. As perdas adicionais associadas a estes activos, de quase 100 milhões de euros, penalizaram o défice do ano passado. A maior parte, no valor de 429,5 milhões de euros, foram créditos e o seu destino foi a Parvalorem.

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