terça-feira, 23 de abril de 2013

CGD cancelou à última hora oferta de livros eróticos a clientes | iOnline

CGD cancelou à última hora oferta de livros eróticos a clientes | iOnline


A ordem partiu da direcção de Comunicação e Marca da Caixa Geral de Depósitos (CGD) na sexta-feira. Um email interno, a que o i teve acesso, foi distribuído pelas agências do banco determinando a suspensão de uma campanha prevista para hoje, Dia Mundial do Livro.
Quatro dias antes, a CGD tinha informado, por escrito, os gerentes das várias dependências que teria lugar, hoje, uma “acção com clientes”, resultante de uma parceria com uma editora - a Saída de Emergência, que, segundo o seu site de internet, se dedica, entre outros géneros, à publicação de literatura erótica. No documento enviado aos gerentes, a que o i também teve acesso, a directora do departamento de Comunicação e Marca da CGD explicava que seriam disponibilizados nas agências “livros para ofertas aos clientes”. A operação passava pela distribuição de obras “em quantidades iguais por todas as agências”, prevendo--se que cada uma recebesse 13 títulos “de diferentes géneros e temáticas”. Os livros seriam oferecidos aos clientes da Caixa, tendo prioridade “os clientes com potencial interesse, escolas, bibliotecas ou outros com quem o relacionamento comercial” justificasse.
LIVROS ERÓTICOS A ideia era boa, até a CGD se aperceber de que, entre o lote de livros que iam ser disponibilizados aos clientes, havia literatura erótica - o que levou ao cancelamento da acção na passada sexta-feira. “Informamos que a acção prevista para o Dia Mundial do Livro se encontra cancelada na medida em que, por lapso, se encontram títulos cujo conteúdo pode ferir a susceptibilidade dos nossos leitores”, lê-se no email interno, que ordena que os livros sejam destruídos ou encaminhados para reciclagem.
O conteúdo passível de ferir a “susceptibilidade dos clientes” era, apurou o i, de teor erótico. Entre os livros que iam ser oferecidos nas agências da Caixa estavam títulos como “Sr. Bentley, o Enraba Passarinhos”, “Carne Crua” ou “Despertada” - um romance que, logo no início, é dedicado “aos adolescentes que se entendam pertencentes ao grupo lésbicas, gays, bissexuais e transgénero”. Outro livro, da autoria do escritor Hugo Santinhos Pereira, intitula-se “Quando Dormes nunca Te Odeio” e a capa mostra uma mulher nua. No interior há passagens como: “Só sei que estou vivo porque me esporrei.”
Contactada pelo i, a Caixa explica que foi abordada pela editora, que propôs a acção. “Foram analisados um conjunto de livros que seriam distribuídos pelas agências”, diz a CGD, acrescentando que “algumas das obras entretanto disponibilizadas não se enquadravam nos valores da marca” do banco, pelo que, “infelizmente a acção teve de ser cancelada”. A Saída de Emergência, segundo a Caixa, justificou o lapso “com uma falha de comunicação na distribuição” das obras.
Já a editora conta uma versão diferente e garante que a CGD não impôs “restrições” em relação às obras a disponibilizar, tendo sido enviados 80 títulos, “de um largo leque de temas”. A editora diz estar a “apurar o prejuízo” decorrente do cancelamento da acção e garante que só foram disponibilizados “livros normais”. Uma fonte da CGD disse ao que a operação terá custado cerca de 280 mil euros, mas o banco nega e diz que não teve custos, à excepção do fabrico dos marcadores para os livros.

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