sexta-feira, 5 de abril de 2013

Portugal reforça exportações de energia para Espanha | iOnline

Portugal reforça exportações de energia para Espanha | iOnline

Com a conclusão do projecto de reconversão das refinarias, a Galp quer exportar 1,8 milhões de toneladas de gasóleo para o país vizinho.

No primeiro mês do ano Portugal registou um saldo positivo nas trocas de electricidade com Espanha. É a primeira vez que tal acontece, pelo menos em três anos, de acordo com dados avançados ao i pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE).
Em Janeiro, as exportações nacionais de electricidade valeram 15,5 milhões de euros, contra importações de 10,5 milhões, o que resulta num saldo positivo de cerca de 5 milhões de euros. Os números da REN (Redes Energéticas Nacionais) para o primeiro trimestre confirmam o reforço desta tendência, mas ainda não há valores para este período.
As exportações de energia para o país vizinho deverão conhecer um incremento importante este ano, com a entrada em funcionamento pleno dos investimentos realizados na refinaria de Sines, projecto que é hoje inaugurado.
As estimativas da Galp apontam para a exportação de 1,8 milhões de toneladas de gasóleo. Espanha será o principal destino deste produto, que terá como primeira paragem o abastecimento da rede local da Galp, que hoje é fornecida através de swaps com petrolíferas espanholas (Galp abastece Repsol e Cepsa em Portugal e vice-versa).
A reconversão do aparelho refinador da Galp foi anunciada em 2005 e tinha como principal objectivo aumentar a produção de refinados de maior valor acrescentado, em particular gasóleo, produto no qual o país era deficitário. O investimento de 1,4 mil milhões de euros acabou por envolver outras componentes, abrangendo intervenções na unidade de Matosinhos, que passou a operar de forma integrada com Sines.
O principal projecto, e também o mais avultado, no valor de mil milhões de euros, foi a instalação da unidade de hidrocracking, equipamento que vai permitir tirar do barril de petróleo mais “produtos brancos”. Esta é a designação usada no sector para descrever produtos refinados mais leves, de maior valor acrescentado e também com preço mais alto, como gasóleo, gasolina e jet. Em oposição estão os “produtos pretos” do barril, mais pesados e mais baratos, como o fuel e os betumes.
É a reconfiguração do perfil de produtos que permitirá aumentar a potência exportadora da Galp, que já vende lá fora gasolina, sobretudo para os Estados Unidos - até porque o mercado nacional de combustíveis não evoluiu em linha com as previsões do projecto inicial de reconversão. Contrariamente às expectativas da Galp, o consumo de gasóleo começou a recuar em 2010 com a crise económica e a nova produção vai ultrapassar as necessidades nacionais 1,8 milhões de toneladas. A exportação para Espanha, mercado que ainda é deficitário em gasóleo, é para já a estratégia.
Em 2012, o défice nacional de gasóleo, coberto com importações sobretudo da Rússia, era de 0,9 milhões de toneladas.
O impacto anual do projecto na balança comercial nacional deverá variar entre os 250 milhões e os 450 milhões de euros, ou entre 0,15%, num cenário recessivo, e 0,25% do PIB.

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