quarta-feira, 17 de abril de 2013

Dijsselbloem, Relvas, Sócrates: 10 políticos que tiveram problemas com os cursos académicos - Dinheiro Vivo

Dijsselbloem, Relvas, Sócrates: 10 políticos que tiveram problemas com os cursos académicos - Dinheiro Vivo


Os casos de Miguel Relvas e José Sócrates estão longe de serem virgens. Nos últimos tempos têm sido recorrentes as notícias sobre irregularidades em cursos universitários, que têm como protagonistas políticos em cargos de topo. Conheça 10 casos.
Jeroen Dijsselbloem 
O atual presidente do Eurogrupo e ministro das Finanças holandês retirou do currículo o mestrado em Economia Empresarial, pela University College Cork. A denúncia surgiu no Sunday Independent, que garantiu, citando uma fonte,  que o mestrado “não existia”. Dijsslbloem foi obrigado a mudar o currículo, substituindo o mestrado por uma “investigação em Economia Empresarial com vista à obtenção de um mestrado na University College Cork”. 


Miguel Relvas
O ex-ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares apresentou a demissão no dia 4 de abril invocando razões pessoais. O caso que mais fragilizou o ex-ministro terá sido o da sua licenciatura na Universidade Lusófona, depois da Inspeção Geral de Educação e Ciência ter ordenado a verificação do processo de atribuição de equivalências. Miguel Relvas cumpriu a licenciatura em Ciência Política em apenas um ano, na qual recebeu equivalência a 32 das 36 cadeiras pela sua “experiência política”. O relatório do Ministério da Educação e Ciência revelou que existe “prova documental de que uma classificação de um aluno não resultou, como devia, da realização de exame escrito”.
José Sócrates
O ex-primeiro ministro, agora comentador na RTP, também teve problemas com a sua licenciatura em Engenheira Civil na Universidade Independente. Este é um caso envolto de confusão, nas datas, nos documentos por assinar, no facto da investigação se ter baseado, segundo o Público, em fotocópias. A grande controvérsia resulta da cadeira Inglês Técnico ter aparecido assinada pelo reitor da Universidade Independente, ao contrário do que acontece no documento original, que é escrito a azul e não é assinado pelo professor. O Departamento de Investigação e Acção Penal (DCIAP), onde decorreu o inquérito, concluiu não ter havido qualquer ilegalidade,
Joe Biden
O caso do atual vice-presidente dos Estados Unidos remonta a 1965. O braço direito de Barack Obama plagiou um trabalho em Metodologia Legal na Law School (Faculdade de Direito). O episódio só ganhou expressão quando Biden concorreu a candidato democrata para as Presidenciais de 1988. Um ano antes, abandonou a corrida por causa do plágio, que justificou como um “erro” da juventude, pois não tinha conhecimento que tinha de citar as fontes com cuidado. Na altura, Joe Biden terá sido também acusado de plagiar discursos de outros políticos, nomeadamente do britânico Neil Kinnock e Robert F. Kennedy.
Vladimir Putin
Em meados dos anos 90, o líder russo concluiu um doutoramento em Economia, cuja tese levantou e levanta ainda muitas dúvidas a investigadores. Com o nome “The Strategic Planning of Regional Resources Under the Formation of Market Relations”, Putin terá inserido na sua tese textos de dois professores da Universidade de Pittsburgh - William R. King e David I. Cleland -, escritos 20 anos antes (“Strategic Planning and Policy”). Numa autobiografia, quando se tornou presidente da Rússia em 2000, Putin não fez qualquer menção à tese, preferindo abordar outras temáticas do doutoramento. Segundo o Washington Times, o reitor que validou o doutoramento, Vladimir Litvinenko, continuou perto de Putin e garantiu algumas regalias e cargos de importância. Em 2006, Litvinenko  tornou-se no conselheiro de Putin para a política energética. Em 2010, foi nomeado Presidente do Conselho da PhosAgro, a maior produtora de fertilizantes à base de fosfato do país. O russo detém 5% das ações da empresa. Segundo o mesmo jornal, Litvinenko tem hoje uma fortuna estimada entre os 260 e 350 milhões de euros.

Karl-Theodor zu Guttenberg 
Há pouco mais de um ano, o ministro da Defesa alemão apresentou a demissão na sequência de acusações de plágio na sua tese de doutoramento. Este caso levou a Universidade de Bayreuth a retirar-lhe o grau de doutor em Direito."É o passo mais doloroso da minha vida, mas quem se decide pela carreira política não pode esperar compaixão", afirmou em declaração lida no Ministério da Defesa. O político reconheceu que cometeu “graves erros” no seu trabalho académico. Já a oposição acusou Guttenberg de não contar a história toda, pois acreditam que não terá sido o ex-ministro a escrever a tese. Angela Merkel defendeu a permanência de Guttenberg no Executivo, alegando que tinha nomeado um “ministro da Defesa, e não um assistente académico”. O agora ex-ministro era o ministro mais popular da coligação centro-direita e a grande esperança do seu partido, a União Social-Cristã, tendo até superado Merkel nos barómetros de simpatia dos políticos alemães.
Annette Schavan 
Este é um daqueles casos irónicos. A ministra da Educação alemã foi obrigada a demitir-se em fevereiro por ter plagiado a tese do seu doutoramento. O Conselho Académico competente declarou inválido o título obtido há três anos pela Universidade de Dusseldorf. O caso foi noticiado em outubro pelo semanário Der Spiegel, que divulgou um relatório técnico que demonstrava que a tese tinha características de plágio.
Pal Schmitt 
Em abril de 2012, o presidente húngaro apresentou a demissão depois de se ter visto envolvido num escândalo de plágio.A Semmelweis University, em Budapeste, decidiu retirar-lhe o doutoramento em Desporto. Segundo a Euronews, depois de conduzir uma investigação, a universidade concluiu que 180 páginas do trabalho, de um total de 215, eram “particularmente idênticas” e 17 eram “completamente idênticas”. Schmitt resistiu durante meses, alegando que a sua presidência e o seu doutoramento eram coisas separadas. No entanto, sobretudo devido à pressão do povo nas ruas, decidiu demitir-se, tornando-se assim no primeiro presidente a apresentar a demissão na Hungria pós-comunismo.
Zsolt Semjén
O vice-primeiro ministro húngaro foi também acusado de plagiar a sua tese de doutoramento. A notícia foi avançada pelo jornal húngaro HVG. “O vice-primeiro-ministro Zsolt Semjén cometeu uma grave violação da ética científica no âmbito da sua tese de Sociologia em 1992”, comunicaram em dezembro os responsáveis da universidade Lorand Eotvos, em Budapeste. A presidente da universidade explicou na altura que não podia desencadear qualquer investigação, pois não são “uma autoridade” e, por isso, “não existirá qualquer consequência legal” da parte da universidade, ainda assim referiu que “as transgressões morais vão perdurar”. Já o gabinete de Semjén considerou desde muito cedo um “caso encerrado” porque a universidade não desencadeou qualquer procedimento.
Victor Ponta
Em junho de 2012, o primeiro-ministro romeno foi acusado de ter plagiado a sua tese de doutoramento sobre o funcionamento do Tribunal Penal Internacional, na Universidade de Bucareste. Segundo o Público, a revista científica Nature revelou ter tido acesso a documentos que indiciavam que mais de metade das 432 páginas da tese “consiste em texto duplicado”. Ponta foi acusado de plagiar os trabalhos de três académicos romenos: Dumitru Diaconu,Vasile Cretu e Ion Diaconu. O primeiro-ministro defendeu-se, alegando que se tratava de uma manobra política da oposição, e disponibilizou-se para responder perante uma comissão de ética. Victor Ponta não apresentou a demissão e é ainda hoje o primeiro-ministro romeno.

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