segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Seca ameaça fazer disparar os preços de carne e leite - Dinheiro Vivo

Seca ameaça fazer disparar os preços de carne e leite - Dinheiro Vivo

Os números revelados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América, no início deste ano, eram esperados com ansiedade e preocupação. Os piores temores confirmaram-se: a seca está para continuar e, com ela, as produções agrícolas continuam abaixo do que o Mundo precisa.
Além da potencial subida de preços devida à falta de oferta em relação à procura, as mercadorias continuam a ser apelativas para os investidores que, assim, inflacionam ainda mais os preços.
O milho e a soja – componentes da ração para o gado – chegaram a valorizar mais de 100% em 2012. “Portugal está muito dependente das importações de cereais e soja dos EUA e, caso se verifique nova seca, verificar-se-ão baixas produções.
Uma produção baixa, num ano de stocks muito baixos originará preços das matérias primas muito altas”, adianta Cristina de Sousa, presidente da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais.
O aumento de preços das matérias-primas fará aumentar o custo das rações e isso, segundo Cristina de Sousa, poderá ser já “incomportável para parte dos produtores pecuários”.
Conhecendo de perto a fileira da carne, uma vez que é proprietária de uma empresa de produção da rações, de explorações agropecuárias e de venda ao público, a responsável teme que a situação leve a “ter animais a morrer de fome nas explorações pecuárias, produtores a não pagar as rações às fábricas e, provavelmente, produtores pecuários a abandonar a atividade”.

Leite perto da rutura O abandono de atividade é já uma realidade conhecida na produção de leite, setor que José Oliveira, presidente da LEICAR - Associação de Produtores de Leite e Carne, refere ser “ainda mais vulnerável ao aumento de custo das rações”.
Segundo dados do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, entre as campanhas de 2009 e 2012, em Portugal Continental, 2299 produtores de leite abandonaram a atividade, restando apenas 4422.
E ainda não são conhecidos os dados da campanha 2012/13.
Entre 2005 e 2012, 7372 produtores abandonaram a atividade e os que ficaram, embora mais produtivos e competitivos, não compensam pelos que abandonaram. “A produção nacional de leite estará no limite do consumo interno.
A muito curto prazo, poderemos ter de importar”, alerta José Oliveira. “Nos últimos dois anos, os custos de produção aumentaram 15%, mas o leite continua praticamente ao mesmo preço.
E quando sobe, não é no que é pago ao produtor”, lamenta.  “Tem de haver um acordo com a Associação Portuguesa das Empresas da Grande Distribuição, com mediação do Ministério da Agricultura, de forma a que haja um aumento que chegue ao produtor. Até lá, estou muito preocupado com a situação do setor”, confessa o responsável.

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