terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Gestores do BES investigados | iOnline

Gestores do BES investigados | iOnline

Morais Pires pede demissão depois de ser constituído arguido. Ricardo Salgado chamado a depor como testemunha pela segunda vez.

O DIAP de Lisboa, liderado pela procuradora-geral-adjunta Maria José Morgado, está a investigar o Banco Espírito Santo (BES) por suspeitas do crime de abuso de informação privilegiada. A investigação, a cargo da 9.a secção do DIAP de Lisboa, já levou à constituição de arguido de Morais Pires, chief financial officer (CFO) e número três da hierarquia do BES, e de mais dois altos quadros do BES.
Ricardo Salgado, presidente da comissão executiva do BES, foi ontem ouvido de manhã na qualidade de testemunha pelo DIAP de Lisboa, onde chegou pelas 11 da manhã. Prestou declarações no piso 2 das instalações da 9.a Secção do DIAP de Lisboa durante quase duas horas, tendo saído um pouco antes das 13h.
No centro da investigação está uma queixa da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) por suspeitas de crimes contra o mercado, por abuso de informação privilegiada e manipulação dos preços de mercado. Em causa estão transacções de acções da EDP entre o BES e o BES Vida (sociedade seguradora do grupo liderado por Ricardo Salgado) durante Janeiro de 2008, assim como a oferta pública de subscrição (OPS) de acções da EDP Renováveis efectuada entre 15 de Maio e 2 de Junho de 2008.
Na OPS da EDP Renováveis, assessorada pelo Banco Espírito Santo Investimento (BESI) e que antecedeu a admissão à negociação daquele título no Euronext Lisboa a 4 de Junho, a EDP anunciou ao mercado que o intervalo de preço das acções alvo de OPS da sua subsidiária, variava entre os 7,40 euros e os 8,90 euros por acção.
A 2 de Junho, a EDP informou o mercado de que o preço da OPS tinha sido fixado em 8 euros por acção, em virtude de a oferta ter superado a procura.
A CMVM suspeita de aquisições realizadas pelo BES Vida antes e durante a OPS da EDP Renováveis.
Arguido Morais Pires foi constituído arguido a semana passada por ser também administrador da sociedade BES Vida e, enquanto administrador-executivo do BES, ser o responsável pela ligação entre aquela seguradora e a holding do banco. Segundo a CMVM, essa compra do BES Vida teve influência na forma de preços da OPS da EDP Renováveis, tendo sido decisiva para o sucesso da operação.
Ao que o i apurou, Morais Pires tenciona pedir a demissao dos cargos que ocupa no grupo BES.
Segundo o Público online, José Maria Ricciardi, presidente-executivo do BESI, foi igualmente constituido arguido.
Amílcar Morais Pires está indiciado na Operação Monte Branco pelos crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. O CFO do BES, como o i noticiou, foi obrigado a fazer o ano passado três rectificações o seu IRS de 2011 que fizeram com que a sua colecta de rendimentos tivesse passado de 340 700, 23 euros (com um imposto pago de de 54 mil euros) para um total de 1 476 937,60 euros (o que perfaz um total de imposto pago de 1,1 milhões de euros a 30 de Outubro de 2012).
Comunicação O jornal i confrontou a direcção de comunicação do BES, liderada por Paulo Padrão, com todas estas informações, às quais o BES respondeu em comunicado. No referido texto, os responsáveis do banco afirmam que “o DIAP solicitou informações a quadros superiores do BES e do BESI no âmbito de uma investigação iniciada pela CMVM relativamente a transacções de acções da EDP efectuadas, em 2008, entre o BES e a BES Vida”. A mesma fonte oficial acrescenta ainda que “o Grupo BES está a prestar todas as informações solicitadas no sentido do esclarecimento cabal desta situação ocorrida há quatro anos”.
Questionado pelo i sobre se o BES abriu uma investigação interna sobre os factos com que Morais Pires e os funcionários do BES foram confrontados aquando do seu interrogatório, Paulo Padrão confirmou-a: “De acordo com uma investigação interna, entretanto realizada após a notificação, todas as operações identificadas se inscrevem na normal gestão de carteiras de valores mobiliários, sendo demonstrável a natureza transparente das mesmas”, conclui.
Sobre a inquirição de Ricardo Salgado, a mesma fonte confirmou-a igualmente: “Na presente data, e na qualidade de testemunha, foram prestados esclarecimentos pelo Dr. Ricardo Salgado, não havendo lugar a quaisquer outras diligências”.
O i contactou ainda Rui Patrício, advogado de Ricardo Salgado, mas o jurista afirmou: “Não quero fazer qualquer comentário.”

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