terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Casamento gay provoca divórcio na sociedade francesa | iOnline

Casamento gay provoca divórcio na sociedade francesa | iOnline

63% dos franceses são a favor do casamento gay, mas 51% estão contra a adopção. Hollande quer aprovar tudo.

Começa hoje a ser discutida no parlamento francês a proposta que vai permitir aos casais homossexuais casarem e adoptarem crianças. Mas em França o tema não é consensual. Longe disso. Hollande garante que é o parlamento que vai aprovar a lei e não a rua, nem a opinião pública, mas o debate que à partida se fazia crer curto e conciso já levou milhares de apoiantes do sim e do não às ruas de Paris.
Apesar de a lei francesa permitir a união de facto entre duas pessoas do mesmo sexo (pacte civil de solidarité) desde 1999, François Hollande fez do casamento para todos uma das suas bandeiras de campanha. A promessa era lembrada desde as eleições, em Junho, pelos seus apoiantes mais à esquerda, mas só agora começará a ser discutida no parlamento – depois de a sua elaboração ter levado a algumas concessões por parte do Partido Socialista francês, como o adiamento da proposta que irá permitir a um casal de lésbicas recorrer à procriação medicamente assistida.
No entanto, o termo “casamento” para denominar a união entre duas pessoas não está a ser bem aceite por todos os sectores da sociedade francesa. Apesar de a França ser um Estado secular, a influência religiosa no país não esmoreceu, especialmente nos sectores mais conservadores. Juntam-se à voz do Papa Bento XVI e à do cardeal francês André Vingt-Trois, que já condenaram publicamente o casamento homossexual, as preocupação dos rabinos, dos protestantes e da comunidade muçulmana (7,5% da população francesa) – uma convergência ecuménica acalentada por associações como a Alliance Vita, que defende a família, posicionando-se contra o aborto e a adopção de crianças por homossexuais.
A última demonstração de força de quem se opõe ao casamento gay aconteceu no dia 13 de Janeiro, quando milhares de famílias francesas saíram à rua para manifestar o seu desagrado pela medida e dizer que estar contra estas medidas não é homofobia. A organização contou 800 mil pessoas, a polícia ficou pelas 350 mil, mas a UMP alega que é apenas uma pequena representação dos milhões de franceses preocupados com a lei. Já a Frente Nacional, de Marine Le Pen, também se opõe, mas considera que é uma questão que distrai os franceses dos problemas reais do país.
Sim ao casamento, não à adopção Numa sondagem feita no início de Janeiro para o instituto político Pèlerin, 63% dos franceses são favoráveis à possibilidade de duas pessoas do mesmo sexo casarem, enquanto 51% são contra a adopção homossexual. São as pessoas com mais de 65 que se opõem de forma mais firme ao casamento e a faixa dos 50 é a que está mais preocupado com a adopção.
No último domingo, os defensores dos direitos civis saíram também à rua para marcar a sua posição. À máxima “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, os activistas dos direitos homossexuais acrescentaram “Nem mais nem menos”. Jean-Marc Ayrault, primeiro-ministro francês, apadrinhou esta iniciativa e garantiu que a lei não só vai passar como vai ser aprovada por uma larga maioria. François Hollande recusou de forma veemente a possibilidade de um referendo sobre a matéria e até já terá presença marcada no primeiro casamento homossexual.
Caso a lei seja aprovada, França será o 12.o país ndo mundo a permitir o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo, seguindo países como a Holanda, a Bélgica, a África do Sul e Portugal.

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