quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A França está “totalmente falida”, revela o ministro do Trabalho de Hollande | iOnline

A França está “totalmente falida”, revela o ministro do Trabalho de Hollande | iOnline

O ministro francês do Trabalho admitiu no domingo com uma candura e franqueza brutais que o seu país está “totalmente falido”.
A revelação chocante e devastadora foi proferida numa entrevista de rádio. “Há um Estado mas está totalmente falido”, disse Sapin. “Por isso fomos forçados a impor um plano de redução do défice e nada nos fará desviar desse objectivo.” A inesperada declaração deve ter causado engulhos ao chefe de Estado, François Hollande, a braços com críticas da direita e do sector empresarial devido à polémica taxa de 75% sobre as grandes fortunas, entretanto em banho-maria, e que terá agora de se desfazer em explicações para desmontar a amarga revelação do seu ministro.
Os comentários do ministro do Trabalho foram proferidos precisamente no momento em que Hollande se esforça por apresentar uma imagem mais positiva da economia francesa, com o seu governo empenhado em cortar 60 mil milhões de euros no défice nos próximos cinco anos e em arrecadar mais 20 mil milhões de euros em impostos. Esta previsão de receitas, através da colecta de mais impostos, parece difícil de atingir, dado que inúmeros franceses estão a deslocalizar o domicílio tributário para países com regimes mais favoráveis.
O Banco de França confirmou a existência de uma enorme fuga de capitais que se deverá agudizar se o governo socialista persistir em penalizar mais as grandes fortunas.
As declarações do ministro do Trabalho francês foram ontem qualificadas pelo ministro das Finanças, Pierre Moscovici, como “inapropriadas”.
“A França é realmente um país solvente. A França é realmente um país credível. A França está a iniciar a sua recuperação.”
Entretanto, Sapin veio depois corrigiras suas próprias palavras, aparentemente sem grande eficácia, dizendo à AFP que “empregou esta expressão não para descrever a actual situação, mas para ironizar sobre a fórmula utilizada em 2008 pelo antigo primeiro-ministro François Fillon do governo de Nicolas Sarkozy”.
Na ocasião, o ex-chefe de governo declarou: “Estou à cabeça de um Estado que se encontra numa situação de falência no plano financeiro. Estou à cabeça de um Estado que há 15 anos vive em défice crónico. Estou à cabeça de um Estado que jamais aprovou um orçamento equilibrado nos últimos 25 anos, e isso não pode continuar.”
Como lhe foi perguntado se considerava como François Fillon estar à cabeça de um “Estado falido”, o ministro do Trabalho diz que terá respondido: “Mas é um Estado totalmente em falência. Foi por essa razão que tivemos de implementar programas de redução do défice e nada nos fará desviar deste objectivo da diminuição dos défices, porque isso é fundamental para o financiamento da nossa economia e para a criação de emprego”, apressou-se a corrigir o ministro.
O governante sublinhou que “há uma urgência social e uma urgência económica” e que foi por isso que o executivo francês “tomou decisões imediatas em termos de relançamento do crescimento na Europa, e da política de emprego”.
As notícias sobre o estado de saúde das finanças francesas surgem numa altura em que o país está empenhado numa guerra incerta nas areias do deserto do Mali contra os jiahdistas islâmicos e para a qual tem contado com menos ajuda do que necessitava dos seus parceiros da União Europeia e dos Estados Unidos.
As chefias militares já avisaram, para que Paris não caia na ratoeira de uma guerra sem fim, como o que se passa com os Estados Unidos no Afeganistão, o que levou o diário “Les Echos” a interrogar-se sobre se, em caso de necessidade, a França estará em condições de manter esta operação militar em África.
Os parceiros ocidentais da França estão a contribuir com aviões de reabastecimento, transporte e recolha de informações. Mas a factura diária é muito pesada, apesar da ambição de Paris de se tornar uma potência militar global.
A força expedicionária gaulesa foi projectada no teatro de operações graças à ajuda de aviões C-17 e C-130 norte-americanos, britânicos, dinamarqueses e belgas, para além do recurso a aviões alugados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário