quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Governo alemão avisa que não há complacência com Portugal e Irlanda | iOnline

Governo alemão avisa que não há complacência com Portugal e Irlanda | iOnline

O discurso não muda, mesmo quando há sinais óbvios de alguma abertura das instâncias europeias aos elevados encargos que países como Portugal, Irlanda e Grécia enfrentam com os planos de resgate, os prazos e os juros das ajudas financeiras dos organismos europeus e do Fundo Monetário Internacional. Recentemente, a Irlanda conseguiu transformar uma dívida de curto prazo num empréstimo a 40 anos, com juros muito favoráveis. O acordo obtido na semana passada entre Dublin e o Banco Central Europeu veio aliviar as contas públicas irlandeses e relançar o debate sobre o alívio das medidas de austeridade impostas pela troika. A questão está a ser seguida atentamente em Lisboa, na perspectiva de Portugal conseguir à boleia da Irlanda aliviar o prazo de aplicação de um duro plano de cortes orçamentais no valor de 4 mil milhões de euros que a troika quer ver reflectidos já este ano e em 2014. E como de Espanha também vêm apelos a um alívio dos prazos para a redução do défice orçamental para que a austeridade não asfixie ainda mais uma economia em recessão que está a provocar um disparo do desemprego para níveis nunca antes vistos, eis que Berlim vem pôr ordem na casa europeia, particularmente no seu flanco sul. Foi o que aconteceu ontem no final de uma reunião do Ecofin, a estrutura que junta os ministros das Finanças dos 27.
O número dois do Ministério das Finanças da Alemanha, Steffen Kampeter, avisou que as reformas postas em prática pela Irlanda “estão a dar frutos”, mas alertou que “não há margem para complacência”, uma vez que 2013 vai ser um ano exigente.
Regresso aos mercados O comissário europeu dos Assuntos Económicos disse ontem que prossegue o trabalho com o Eurogrupo, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional no sentido de facilitar “um regresso bem sucedido” aos mercados da Irlanda e de Portugal.
“Continuamos a trabalhar, juntamente com os estados-membros da zona euro, bem como naturalmente o BCE e o FMI, no sentido de facilitar um regresso bem sucedido ao financiamento dos mercados tanto para a Irlanda como para Portugal, quando saírem dos programas de assistência financeira”, afirmou Olli Rehn, no final de uma reunião dos ministros das Finanças da União Europeia, realizada ontem em Bruxelas.
Questionado sobre o ponto da situação dos pedidos de Dublin e Lisboa no sentido de serem prolongados os prazos para pagamento dos empréstimos concedidos ao abrigo dos programas de resgate, a presidência irlandesa da UE e o comissário responsável pelo euro indicaram que o assunto não foi discutido nem na reunião de segunda-feira do Eurogrupo, nem na de hoje ao nível dos 27, mas Rehn assegurou que a questão está a ser trabalhada. “É um trabalho em progresso, que vamos continuar nas próximas reuniões do Eurogrupo e do Ecofin”, declarou o comissário finlandês.
Na véspera, o novo presidente do Eurogrupo, Jeoren Dijsselbloem, já indicara que os ministros das Finanças da zona euro vão analisar no próximo encontro, em Março, de que maneira podem apoiar a Irlanda e Portugal no regresso pleno aos mercados.
“Iremos discutir na nossa próxima reunião a melhor forma de ajudarmos a Irlanda, assim como Portugal, a deixarem com sucesso os seus programas e a regressarem plenamente ao financiamento dos mercados”, declarou Dijsselbloem, no final da primeira reunião a que presidiu desde que foi eleito para suceder a Jean-Claude Juncker na liderança do Eurogrupo.
Na anterior reunião do Eurogrupo, a 21 de Janeiro, o ministro das Finanças Vítor Gaspar solicitou ao Eurogrupo a extensão dos prazos de maturidade dos empréstimos a Portugal, de modo a facilitar o regresso aos mercados, afirmando ter a “expectativa fundada” do apoio dos seus parceiros do euro, recordando o compromisso assumido pelos líderes da zona euro em 2011, de facilitar o regresso de Irlanda e Portugal aos mercados desde que a condicionalidade dos programas fosse respeitada.
Portugal já começou a fazer esse caminho, quando avançou para uma emissão de dívida a cinco anos, em que não só conseguiu uma forte adesão de investidores estrangeiros como um juro inferior a 5 por cento. No entanto, quando se esperava uma nova tentativa a dez anos, aproveitando os ventos de feição nos mercados, o escândalo político em Espanha voltou a fazer subir os juros das dívidas e Lisboa aguarda agora uma nova janela de oportunidade.

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