quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

BPP. Rendeiro ocultou falência técnica a accionistas do banco | iOnline

BPP. Rendeiro ocultou falência técnica a accionistas do banco | iOnline

Gestores terão proibido divulgação de informações sobre a situação real da Privado Financeiras para captarem mais 100 milhões dos clientes.

João Rendeiro, fundador do Banco Privado Português (BPP), e Paulo Guichard e Salvador Fezas Vital, dois ex-administradores daquele banco, combinaram, no final de Janeiro de 2008, esconder dos accionistas a informação de que a sociedade Privado Financeiras estava em situação de insolvência técnica. O objectivo era levá-los a investir num aumento de capital daquela sociedade, numa altura em que a dívida daquele veículo de investimento ao BPP era já superior a 51 milhões de euros e a insolvência técnica decorria pelo menos desde 21 de Janeiro.
Para contrariar o agravamento da situação financeira daquela sociedade, foi aprovado numa reunião de 29 de Janeiro de 2008 um aumento de capital de 100 milhões de euros. Os road shows para captar o investimento junto dos clientes decorreram entre Fevereiro e Março. E os ex-administradores terão então decidido que, enquanto decorressem essas propostas, o banco não revelaria uma série de informações. Os gestores de conta estavam proibidos de revelar, por exemplo, que a sociedade tinha uma dívida ao BPP ou o montante do empréstimo que tinha contraído junto do banco J.P.Morgan, revela o despacho de acusação da 9ª secção do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, a que o i teve acesso. Os três ex-administradores são acusados de um crime de burla qualificada, em co-autoria: uma gestão “imprudente” da sociedade Privado Financeiras terá causado prejuízos a uma centena de investidores superiores a 41 milhões de euros.
Os três ex-administradores também terão combinado que nas tentativas de angariação de novos investimentos seria comunicado aos clientes que o montante “era para reforçar a posição do veículo no capital do BCP, visando atingir 4% do capital desse banco”.
Acontece que essas informações eram falsas. E deste modo, sustentam os procuradores Hugo Neto e Inês Bonina, os ex-gestores transmitiram “aos investidores um cenário optimista e favorável ao investimento que não correspondia à realidade” e “não só ocultava a dimensão do risco de perda” a que se sujeitavam, como os fazia crer que o investimento se destinava exclusivamente a adquirir mais acções do BCP. Isso “não era verdade nem financeiramente possível” porque era preciso saldar a dívida existente no BPP.
Além da fabricação de um cenário fictício favorável ao investimento, de forma a pressionar ainda mais a adesão dos investidores, os ex-administradores terão ainda violado recomendações do Banco de Portugal e autorizado o BPP a conceder crédito aos clientes que “manifestassem relutância” ou não tivessem a liquidez necessária para investir. Apesar dos avisos de que tal não deveria ser feito, o BPP terá concedido crédito a pelo menos 33 clientes da Privado Financeiras.
Concretizado este plano, os ex-administradores não só conseguiriam liquidar a dívida daquela sociedade ao BPP, cumprindo a exigência do Banco de Portugal, como evitavam desfazer-se das acções do BCP. Conforme o i revelou ontem, o DIAP concluiu que os ex-gestores terão prejudicado clientes e o próprio banco só para entrarem na “guerra de poder” do BCP – então dividido entre os apoiantes de Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto.

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