quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Enfermeiros vão substituir médico de família em casos de rotina | iOnline

Enfermeiros vão substituir médico de família em casos de rotina | iOnline

Projecto do enfermeiro de família já foi entregue a Paulo Macedo. Enfermeiros querem ser porta de entrada nos cuidados primários.

É a próxima reforma nos cuidados de saúde: o primeiro contacto nos centros de saúde em vez de ser com o médico de família passa a ser assumido por enfermeiros, à semelhança do que acontece nas triagens dos hospitais. O objectivo é que cada utente tenha um enfermeiro de família, que fará o acompanhamento de crianças ou o apoio na gestão de doenças crónicas no sentido da prevenção e promoção de saúde, encaminhando os casos que o justifiquem para o médico ou enfermeiros especialistas.
Esta é a proposta feita ao ministro da Saúde pelo grupo de trabalho nomeado em Junho de 2012 para estudar a futura lei do enfermeiro de família, revelou ao iGermano Couto, bastonário da Ordem dos Enfermeiros, que teve três peritos envolvidos neste trabalho. O dossiê final foi entregue a Paulo Macedo em Janeiro e a expectativa, diz, é que esteja aprovada até ao final do trimestre. “Actualmente há um conjunto de actividades que são assumidas por médicos de família e que não deveriam sê-lo, por exemplo consultas periódicas de crianças”, disse ao i o bastonário dos Enfermeiros, Germano Couto, sublinhando que não há uma substituição directa, mas antes uma forma de dar ao enfermeiros novas tarefas, libertando os médicos para outras.
Bairro Cada enfermeiro deverá ter uma lista de 1550 utentes a seu cargo, cerca de 350 famílias. O objectivo, revela Germano Couto, é que no futuro enfermeiros e médicos partilhem os mesmos utentes tomando conta de um bairro ou freguesia. Passo que admite que só venha a ser dado à medida que entrem novos médicos no sistema, para não perturbar as actuais listas: “Faz sentido haver uma distribuição geográfica, se se pensar que queremos cuidados de proximidade e que o enfermeiro ou o médico seguem os utentes dentro de portas e ao domicílio.” O acompanhamento de gravidezes de baixo risco é uma tarefas mais reivindicadas por enfermeiros e que está legislada desde 2009, mas tem pouca aplicação. O bastonário explica que esta competência não será dos enfermeiros de família, mas dos enfermeiros especialistas em saúde materno-infantil. “Há um atendimento genérico pelo enfermeiro que lidera os cuidados de família. Depois a grávida deve poder escolher se quer ser seguida pelo médico de clínica geral ou pelo enfermeiro especialista em saúde materno-infantil.”
A mudança, admite, implicará ter mais enfermeiros nos cuidados de saúde. “Hoje temos um médico para um enfermeiro, quando as boas práticas referem um para 2,5”, disse. Em 2011 havia 6801 enfermeiros nos centros de saúde e 6325 médicos: seguir os rácios internacionais implicaria pelo menos 12 mil enfermeiros. Para já, será preciso consenso: a tutela vai ouvir formalmente a Ordem dos Enfermeiros e a Ordem dos Médicos sobre esta nova figura do SNS, disse o bastonário. “É um trabalho que tem de ser feito com calma. Não digo que será fácil, mas confiamos que será concluído em breve. Temos a garantia do ministro.”

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