quarta-feira, 3 de julho de 2013

Queda da bolsa nacional é a maior desde 1998 e 3ª maior de sempre | iOnline

Queda da bolsa nacional é a maior desde 1998 e 3ª maior de sempre | iOnline


O recorde mostra, segundo explicou, “o tipo de reação que o mercado teve, para mais num mês relativamente pouco líquido, porque já estamos em julho e nesta altura há menos gente nos mercados”

O analista de mercados Filipe Garcia disse hoje à Lusa que a queda de 6,2% registada na abertura da sessão portuguesa foi a mais grave desde outubro de 1998 e a terceira maior de sempre.
“O índice PSI 20 [que agrega as 20 maiores empresas cotadas na bolsa portuguesa] abriu hoje numa forte queda de 6,2%. Em termos de abertura é a pior do PSI 20 desde outubro de 1998 e é a terceira pior de sempre”, garantiu o analista do IMF - Informação de Mercados Financeiros.
O recorde mostra, segundo explicou, “o tipo de reação que o mercado teve, para mais num mês relativamente pouco líquido, porque já estamos em julho e nesta altura há menos gente nos mercados”.
A crise política, provocada pela demissão do ministro das Finanças Vítor Gaspar na segunda-feira e, sobretudo, pelo pedido de demissão do ministro de Estado e de Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, na terça-feira “faz aumentar a perceção de risco sobre a economia”, disse.
A situação é semelhante em termos de juros da dívida portuguesa, com os juros a 10 anos a serem cotados perto de 8% na abertura da sessão.
“Não é só nos 10 anos que estas subidas se estão a fazer sentir”, lembrou Filipe Garcia, adiantando que “no [prazo de] dois anos, as cotações de terça-feira estavam na casa dos 3,6% no fim da tarde e hoje já estão nos 5,5%”, referiu o analista.
“Aquilo que está em causa é o seguinte: previa-se que Portugal pudesse ser autossuficiente do ponto de vista de financiamento nos mercados internacionais, [Portugal] estava a fazer esforços nesse sentido, tendo emitido recentemente a [prazos de] 10 anos e tendo já feito emissões a 5 anos, e estava a proceder à troca de dívida e de maturidades de dívida, portanto, [Portugal] estava a regressar aos mercados”, apontou Filipe Garcia.
Segundo explicou, com a atual crise política, “esse processo de recuperar o acesso autónomo aos mercados é colocado em causa, fica em cima da mesa a possibilidade de um segundo resgate e esse é o motivo pelo qual a perceção de risco em relação à economia portuguesa e aos mercados portugueses aumentou dramaticamente desde ontem”.
De acordo com o analista, a banca nacional é o setor que mais está a sofrer com a queda do valor das ações na bolsa.
“Não que se considere que haja aqui iminência de algum tipo de problema de tesouraria ou de solvabilidade dos bancos”, assegurou, apontando a explicação para o facto de os bancos portugueses terem no seu balanço uma quantidade importante de dívida pública.
“Se a dívida pública nos mercados internacionais desvaloriza, que é isso que está a acontecer no dia de hoje, também os bancos que a detêm veem o seu balanço desvalorizar”, afirmou.
Para Filipe Garcia, o dia de hoje vai ser, sem dúvida, especial também nos mercados.
“Penso que quando qualquer investidor nacional ou estrangeiro que olha para as cotações da bolsa nacional e vê quedas de dois dígitos na banca - a chegar aos 13 ou 14% - e vê um índice a cair quase 7%, percebe que, de facto, houve uma mudança de contexto importante [e] que estamos perante um evento diferente”, assumiu.
A política portuguesa tem sido “muito condicionada pelos credores externos e, numa posição de maior vulnerabilidade, que é aquela que hoje em concreto Portugal já tem, a dependência face aos credores externos acentua-se”, concluiu.

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