quarta-feira, 17 de julho de 2013

Nova austeridade faz desaparecer crescimento em 2014 | iOnline

Nova austeridade faz desaparecer crescimento em 2014 | iOnline

Cortes levam 0,8% do PIB e afundam ainda mais o consumo e o emprego

O Banco de Portugal está mais pessimista em relação ao comportamento acumulado da economia portuguesa no biénio 2013-2014, prevendo agora uma contracção total de 1,7% do PIB neste período, em comparação com a contracção de 1,2% que previa nas últimas projecções com que tinha avançado. A revisão das estimativas foi ontem dada a conhecer no Boletim de Verão do BdP.
O maior comportamento negativo da economia portuguesa fica sobretudo associado às mudanças nas projecções económicas para 2014, o ano que seria da recuperação, mas cujo crescimento foi revisto em forte baixa: se no Boletim de Primavera o banco central prometia um crescimento de 1,1% em 2014, agora prevê apenas uma subida do PIB de 0,3% que, mesmo assim, exige que muitos indicadores de previsões optimistas se concretizem para se confirmar, como as exportações.
O Banco de Portugal justifica a revisão em baixa nas previsões do PIB para 2014 com as medidas de consolidação orçamental prometidas para o próximo ano: "A projecção para 2014 foi revista 0,8 p.p. em baixa, traduzindo, no essencial, o impacto da incorporação de medidas de consolidação orçamental entretanto conhecidas com maior detalhe", avança o BdP, que salienta que o impacto destas medidas será talvez "mitigado por um aumento mais expressivo das exportações" no próximo ano, que o banco central estima que cresçam 5,5%, contra os anteriores 4,3%. O optimismo destas previsões é assumido pelo próprio Banco de Portugal, que assume no seu relatório que há "uma probabilidade de 60% de as exportações em 2014 serem inferiores às consideradas na projecção".
Já para o corrente ano, o Banco de Portugal acaba por apresentar uma projecção mais optimista para o comportamento do PIB: mais positiva não só face às suas previsões anteriores como face a todos os outros organismos que recentemente fizeram projecções para Portugal. Assim, o BdP prevê uma contracção de apenas 2% este ano, quando em Março previa que esta chegasse aos 2,3%. A justificar a melhoria, diz o banco central, está a "evolução mais favorável das exportações", que deverão subir 4,7% este ano em comparação com os 2,2% que a instituição antes previa. Mas os 2% de contracção para este ano do BdP chocam de frente com as previsões de outras instituições: o FMI e a CE (em Junho e Maio, respectivamente) apontaram para uma contracção de 2,3% este ano, ao passo que a OCDE prevê uma quebra de 2,7% no PIB.
FAMÍLIAS VÃO SOFRER MAIS Além de rever em baixa as perspectivas para a economia do país, o Banco de Portugal piorou as suas previsões para as famílias portuguesas, aumentando 45% as projecções para a destruição de emprego em Portugal só este ano (ver texto ao lado), e antevendo 2014 como mais um ano em que os residentes no país vão ter de continuar a cortar no consumo. Se em Março o banco central estimava uma quebra de apenas 0,4% no consumo privado no próximo ano, agora já anuncia uma contracção nos gastos das famílias de 1,4% em 2014, revendo porém ligeiramente a quebra do mesmo consumo ao longo deste ano - de 3,8% para 3,4%.
Assim, assumindo as previsões do Banco de Portugal até 2014, constata-se que em apenas quatro anos as medidas de austeridade que visaram forçar o empobrecimento e a quebra das importações em Portugal provocaram uma quebra de 14,2% no consumo das famílias: em 2011 este indicador caiu 3,8%, em 2012 caiu 5,6%, devendo este ano cair mais 3,4% e no próximo 1,4%. Esta trajectória facilitou, e de que maneira, a inversão da balança comercial do país, mas, por arrastamento, potenciou a explosão do desemprego no país, que no final de 2014 já deverá abranger mais de 1,2 milhões de pessoas.

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