segunda-feira, 29 de julho de 2013

Estudo A.T. Kearney. Terminal de contentores da Trafaria é mau negócio | iOnline - Notícias de Portugal, Mundo, Economia, Desporto, Boa Vida, Opinião e muito mais.

Estudo A.T. Kearney. Terminal de contentores da Trafaria é mau negócio | iOnline - Notícias de Portugal, Mundo, Economia, Desporto, Boa Vida, Opinião e muito mais.

Segundo o documento entregue sexta-feira na Assembleia da República, Portugal ganha mais hoje com o programa Erasmus do que com esta solução daqui a 35 anos

O terminal de contentores na Trafaria só é viável se forem criadas acessibilidades rodoviárias, caso contrário esta solução "perderá significativamente em favor de portos alternativos", lê-se num estudo encomendado pelo governo à A.T. Kearney. O documento, que foi entregue na Assembleia da República na passada sexta-feira, e ao qual o i teve acesso, diz que o projecto na Trafaria apenas será "economicamente competitivo" se o movimento de cargas intermodal for feito por rodovia.
"O modo intermodal de/para o TCT [Terminal de Contentores da Trafaria] mais interessante para os agentes económicos é a rodovia (mais barato e operacionalmente mais eficiente), não se apresentando outras soluções (ferrovia, barcaça, RoRo) economicamente competitivas", lê-se no estudo. Esta é uma questão chave, tendo em conta que 70% das cargas movimentadas em contentores no Porto de Lisboa têm origem ou destino na margem Norte do rio Tejo.
A 30 anos, a A.T. Kearney prevê que os cofres públicos garantam uma contrapartida de qualquer coisa como 213 milhões de euros (em valor actualizado líquido), já sem os 74 milhões de euros que se perderão com o desaparecimento dos terminais da margem Norte. Em 2048, diz o estudo, a Trafaria estará a contribuir directamente para o PIB - Produto Interno Bruto com 35 milhões de euros e terá gerado 340 postos de trabalho.
Ou seja, daqui a 35 anos, o projecto da Trafaria estará a contribuir com menos de metade do valor gerado pelo Programa Erasmus. Se tivermos em conta os últimos números divulgados pelo governo, em 2012 Portugal recebeu 6234 alunos ao abrigo deste programa. Cada aluno gastou, em média, 13 mil euros por ano - entre propinas, alojamento e alimentação -, o que totaliza mais de 81 milhões de euros.
ESTRATÉGIA O terminal de contentores na Trafaria foi anunciado pelo governo em Fevereiro deste ano, embora só recentemente o estudo da A.T. Kearney tenha ficado concluído. O documento apresentado tem por base a premissa de que a capacidade do Porto de Lisboa estará esgotada entre 2023 e 2026, prevendo que dentro de uma década o tráfego deverá alcançar entre 1,5 e 1,7 milhões de TEU (medida padrão de um contentor de seis metros). Actualmente, o terminal de Alcântara está com 70% da sua capacidade total ocupada.
A consultora baseia a sua análise numa previsão de crescimento exponencial da procura, que movimentará em 2048 entre 34 milhões e 40 milhões de toneladas de mercadorias em contentores nos portos nacionais, três vezes mais do que os valores registados actualmente.
Se as quotas de mercado não sofrerem alterações, Lisboa terá uma fatia de 36% das cargas movimentadas. Mas poucos são os especialistas que acreditam nisto, baseando-se nos números que têm vindo a ser publicados. Só Sines espera atingir dentro de poucos anos as 44 milhões de toneladas, entrando para o top ten dos portos da Península Ibérica.
O movimento de mercadorias aumentou 3,2% nos portos portugueses nos três primeiros meses do ano, quando comparado com o último trimestre de 2012, com um crescimento de 6,3% no transporte internacional e a diminuição de 10,8% no movimento entre portos nacionais, segundo o INE - Instituto Nacional de Estatística. Entraram nos portos nacionais 3031 embarcações entre Janeiro e Março deste ano, menos 4,0% que no mesmo trimestre de 2012 e o decréscimo de 13,1% verificado em relação aos três últimos meses do ano passado atenuou-se.
A actividade portuária perdeu 7,1% em Janeiro, mas o tráfego de mercadorias recuperou em Fevereiro (17,2%) e Março (1,8%). Sines concentrou 41,3% do movimento de mercadorias nos portos nacionais nos três primeiros meses do ano, correspondendo a 7,3 milhões de toneladas (+9,2%, em termos homólogos). Ao contrário, Lisboa e Leixões perderam mercado.

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